CRÔNICA DO CANCRO
Meu amigo trabalhou a semana inteira. No sábado, recebeu o " pingamento ", que é como chamamos o vale semanal, às dezessete horas, chamou vários amigos e foram para a Vila Mimosa, conhecida Zona do Meretrício da Cidade Maravilhosa. Comeram, beberam e farrearam com várias mulheres. Depois, meu amigo escolheu a mais "bonitinha" e foi para o quarto vadiar um pouco. Vadiou tanto que os amigos até se preocuparam e resolveram ligar para o seu celular e saber se estava tudo bem. Quem atendeu foi Ela, a mais " bonitinha ", solicitando que não atrapalhassem a performance do seu atleta.
Depois de mais de uma hora de espera nervosa, chega ele, cheio de estórias para contar.
Na hora da despedida, depois de tanta saideira e muito beijo na boca, ele pagou a conta e juntou-se à turma, que o esperava com a porta do táxi aberta.
Segunda-feira, sete horas, início do primeiro traço de concreto, ele abriu a carteira para ver a " lembrancinha " que a mais " bonitinha " tinha lhe dado no lencinho de papel. Lá estava escrito: " Procure médico, agora você tem cancro, meu amor ". E, como assinatura, a marca dos lábios dela feita a baton.
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