terça-feira, 25 de julho de 2017

Crônica do Soneto Morfêico * Antonio Cabral Filho - RJ

Crônica do Soneto Morfêico


Não sei se todos têm conhecimento dessas mitologias greco-romanas e outras, mas Morfeu é o deus do sono; do sono prazeroso, provedor do sonho, das viagens oníricas e felizes, e Tânatos, deus  do sono feiticeiro, carregado de banzo, cheio de mandingas, cuja meta é dominar alguém para algum objetivo, por exemplo, matá-lo.
Foi devido a essa relação mitológica entre essas duas entidades que escrevi um poema em 2006 intitulado Soneto Morfêico, cujo conteúdo era uma crítica bem ácida contra as formas fixas na poesia. Nessa época eu tinha começado a publicar meu atual fanzine literário Letras Taquarenses e buscava reunir poemas meus e dos amigos que tivessem algum conteúdo fora do trivial, uma vez que a poesia marginal carioca há muito tinha indo para o ralo mercadológico e não restava nada de rebeldia nem contradições sociais, ou seja, acomodação geral... e meu objetivo era continuar incomodando.
Numa das edições do Letras Taquarenses inclui o poema junto com outro intitulado Canto a Ilu-Ayê, o primeiro em forma de soneto e o segundo em versos livres e bem extenso, devido às realidades dos habitantes dos diversos guetos suburbanos das urbis contemporâneas, entre as quais os bairros negros da África do Sul de Mandela.
O fanzine saiu por aí, circulando via correios e eu mandava para qualquer pessoa, sem importar com a estatura intelectual do destinatário. Foi numa dessas que esbarrei com o escritor baiano João Justiniano da Fonseca.
O poema, Soneto Morfêico, por força das circunstâncias, veio a tornar-se um soneto mesmo, inclusive pelas relações com Justiniano. Este, assim que recebeu minha publicação, não parou para respirar. Foi para o computador e largou-me o aço! Confira sua missiva sobre o assunto:
Veja o quarto parágrafo. É o suficiente para medir a verve do missivista. Aproveitei e adquiri o seu livro Sonetos de Amor e Passatempo e resolvi estudar as regras do soneto e meu poema, antes uma mera "zoação", realmente tornou-se um digno poema em forma fixa chamado soneto. Daí em diante nossos contatos se deram em função da publicação da Casa do Poeta, da qual ele já se afastara e dispôs-se a orientar-me para aquisição da mesma. Como percebi as dificuldades dele em ficar respondendo cartas e agradecendo envio de publicações, parei e mantive-me observando-o à distância, por respeito a sua idade e condições de mobilidade.
Mas João não parava. Viajava constantemente para eventos, sobretudo em Sergipe a convite de Ilma Fontes para os congressos da Casa do Poeta de Aracaju.
Seu livro Sonetos de Amor e Passatempo continua comigo,


 agora mais íntimo, uma vez que a Academia Celestial de Letras e Artes - ACLA, está mais festiva, agora que um dos maiores recitadores acabou de chegar.
http://bahiaempauta.com.br/?p=128936 
Confiram as palavras de um de seus netos no link acima.
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