Cotidiano Carioca
- Parte da capa do Jornal do Recreio -
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Cotidiano Carioca - Cônica
Existem dois Rios de Janeiro: o anterior
ao Repórter Genilson Araújo e o pós. Essa é uma realidade tão cruel que quando
qualquer carioca aficcionado à informação quente sobre a cidade deseja saber
das últimas, busca logo a estação na qual ele atua.
Às vezes estamos subindo a “Brasil” e
notamos que o trânsito está muito lento, se arrastando rumo à Baixada, naquele
ritmo tartaruga, e ligamos o rádio, exatamente na estação em que atua o
Repórter Aéreo Genilson Araújo e mais do que rápido recebemos as notícias de
como está a situação, seja do trânsito seja da cidade, se houve um acidente ou
um confronto polícia - bandido em algum lugar da nossa rota.
Às vezes há um nevoeiro baixo, na
primeira parte da manhã, daqueles bem densos, que retêm motoristas de todo
tipo, e a cidade vira um caos sob águas, que na maioria das vezes gera um dos
maiores transtornos das nossas manhãs. Mas o carioca liga o rádio e recebe a
notícia quentinha com uma voz satisfeita, às vezes alegre, que lhe explica as
razões do nevoeiro e até como será o seu dia, se terá um raiozinho de sol,
tempo nublado ou tempestade. Aí, a maioria dos cariocas saem para o trabalho
com aquela sensação confiante, pois foi o Genilson Araújo quem disse, lá dos
altos do seu helicóptero da rede tantantam...
Esse repórter aéreo já saiu do anonimato
tipo “invisível”. Genilson Araújo, hoje, se for à padaria da esquina de alguma
rua da Freguesia em Jacarepaguá, comprar o seu pão para o desjejum, certamente
receberá beijos das suas vizinhas e abraços dos mais desvairados tipos, como
daqueles vizinhos doublê de “Beijoqueiro” que desejam “aparecer” como amigo do
maior profissional de imprensa da nossa cidade; e digo isso sem ofender a
ninguém, pois estou falando de um tipo novo de jornalismo, jornalismo quente,
em cima do fato, pois o trabalho do Genilson Araújo não é do tipo tradicional,
sentadinho numa cadeira, com um laptop à sua frente, digitando, pensando,
elaborando frases de efeito, buscando ser ilustre etc. Não. O trabalho dele é
embrenhar-se no espaço aéreo da cidade e ir rasgando nuvens até aonde esteja a
novidade, e, circulando o seu “Pavão Misterioso”, observa tudo lá embaixo e
transmite in loco para os seus ouvintes de plantão ao pé do rádio.
Isso veio se prolongando através dos
anos, nos acostumando com a sua linguagem, com o seu estilo altissonante de
comunicar os fatos. Mas até então conhecíamos um Genilson Araújo virtual, sem a
escultura da forma humana, sem rosto, sem imagem que pudesse nos mostrar quem
era a persona, sem um perfil físico daquela personalidade, até que um programa
de TV matutino, desses cheios de informesinhos adocicados de toda manhã decidiu
chamá-lo para dar um tom mais consistente ao mesmo, e eis que surge diante de
nós esse caboclo sorridente, parrudo, afável até no visual, ostentando sua
calvície “tipo calo de coxa” e toma conta da audiência. É claro que resultou
num tremendo enriquecimento de nosso desjejum informativo.
Infelizmente, não posso dar-me o
desprazer de promover uma rede de comunicação inimiga do meu país, a serviço de
interesses escusos, mas ela é conhecida pelo barulho de sua vinheta e faz um
som parecido com plimplim, e o nome do referido programa seria algo como um
cumprimento à cidade na primeira parte do dia.
Quero encerrar minhas digressões sobre o
repórter aéreo carioca Genilson Araújo externando a minha satisfação com a
grandeza com que realiza o seu trabalho jornalístico, com a energia com que se
dedica – ainda – a dar aulas de jornalismo há dezessete anos numa universidade
local, com a sua desenvoltura em encontrar tempo para expressar-se por inteiro
escrevendo livro sobre sua experiência, enfim, em se dispor a dar entrevista a
humildes jornais de bairro, como fez recentemente com o Jornal do Recreio
edição número 73 e pelo brilhante trabalho fotográfico que já realizou durante
seus vôos cotidianos.
De todas as suas fotos que conheço, a que mais me emociona é esta:
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De todas as suas fotos que conheço, a que mais me emociona é esta:
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