sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Cidade Crônica * Antonio Cabral Filho - RJ

CIDADE CRÔNICA

A cidade é, segundo urbanistas e sociólogos, um “equipamento”. Gostou? E-qui-pa-men-to. Dá para soletrar e tudo. Bom, se é um EQUIPAMENTO, ele tem que funcionar. E um equipamento, para ser digno de assim ser classificado, não pode emperrar, não pode sofrer colapsos, não pode ter um ‘RUSH” de manhã e outro de tarde, não pode ser alagado com qualquer temporalzinho, nem ser vítima de apagões, arrastões, surtos de doenças “importadas”, ausência de certos serviços em certas áreas e regiões; correto?

Creio que todos pensam, ou pelo menos deveriam pensar, até porque uma cidade é gerida por pessoas, pessoas com atribuições para as quais são pagas, pessoas que exercem funções às quais se propuseram e foram selecionadas segundo suas competências. E verifique que todo sujeito que se encontra no interior das repartições públicas tem que ser tratado como “autoridade competente”; correto? Ofenda um servidor público para ver o que acontece... Seus cabeças são conhecidos como prefeitos, governadores, et caterva.

Bom, diante disso, quero informar-lhe o que acontece na região aonde moro. É um lugar rico, cheio de gente com casarões, carrões, IPTU altíssimo, sem limpeza urbana digna de assim ser chamada, sem segurança “pública...( porque PRIVADA tem, inclusive na forma de crime organizado do tipo MILÍCIAS, que cobram segurança até de quem mora de aluguel) digna”; um lugar aonde qualquer um imagina haver calçada “calçada” e ninguém tenha que caminhar com o chinelo na lama nem lambuzando o tênis de barro, aonde não haja valões fétidos queimando nossos narizes com o esgota in natura rolando rumo ao mar, um lugar cheio de carroceiros nas pistas de alta-velocidade pondo em risco as suas e as nossas vidas, aonde proliferam barracas de comércio ordinário coligadas com o narcotráfico, servindo de entreposto para vendedores e consumidores de todo tipo de droga, aonde se imagina, como supõe o espírito civilizado, haver ORDEM PÚBLICA, cumprimento dos direitos e deveres por parte das autoridades competentes e dos cidadãos. Não é mesmo, meu leitor? Mas veja isto:
(Foto:ACF)
E permita-me perguntar, nestes tempos de "precárias liberdades de expressão e de imprensa": Este feito acima é digno de "autoridades competentes? Ah, sei; você quer dizer-me que o cidadão mais próximo teria empurrado a lixeira para este local para não ser incomodado; não é(?);  mas aqui pra nós, nós não temos que ser a palmatória do cidadão, não temos a responsabilidade de imputar ao cidadão nada daquilo que acontece com o chamado "espaço público", uma vez que o seu GESTOR, autoridade competente, é quem responde por quaisquer eventos ocorridos em locais sob a sua jurisdição; aqui, no caso, a "calçada", competência da PREFEITURA, do digníssimo Senhor Prefeito, que não foi chamado nem implorado para vir gerir os NOSSOS BENS: A CIDADE, pois ele assumiu para si esta função por escolha livre e espontânea de sua vontade aliada à vontade popular. Portanto, a localização de uma lixeira é tão sua competência quanto a apresentação das contas municipais ao TCM. 

Eu sei que ninguém precisa concordar comigo para dizer se está certa ou errada a localização da lixeira, mas será que alguém sabe me informar quantas crianças e idosos já foram atropelados neste local, devido à colocação da lixeira no meio da calçada? 

Tá, desculpe incomodá-lo...
*