quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Palavrinhas Sobre "Seu Romildes" - Crônica * Antonio Cabral Filho - Rj

Palavrinhas Sobre "Seu Romildes"
(Foto: blogdoautor)
Conheci "Seu Romildes",
 como aprendi a chamá-lo, nos tempos de seus programas de rádio sobre poesia, junto com Antonio Cerqueira Lima, nas Rádios MEC e Imprensa. Foi ali por volta do final dos anos noventa, quando eu juntava meus bandos subs da periferia pra sair por aí assaltando eventos alheios com recitais penetras, como éramos tratados. É que devido a repressão que se abateu sobre a cultura nesse período, com o fim dos suplementos literários, das revistas culturais, como Escrita, José, Ficção, Inéditos etc, só restou aos poetas irem para a rua e botar as bocas no trombone.
(Foto:Acervo da família)
Numa situação dessas, os programas deles funcionaram como válvulas de escape para a poetada jovem e rebelde, oriunda da poesia marginal da década anterior. Nós fazíamos plantão nas ante - salas das rádios e ficávamos torcendo para conseguir uma chancesinha de falar um poema ao microfone dos seus programas. Aquilo era quase como um "boom" de repentino sucesso para todos nós.
O certo é que quando conseguíamos, saíamos de lá festejando rua afora, tomando vinho barato nos arredores do Campo de Santana, quando não era caipinha caubói na Central do Brasil mesmo. Dalí, nos despedíamos e rumávamos para nossos destinos.
Eu, morava em São Gonçalo, e arrastava comigo uma trupe muito boa de agito, tanto em termos de qualidade poética como de coragem para transformar qualquer local num palco de sucesso. Vou citar aqui, a título de ilustração, o meu amigo Denoir Souza, morador do Bairro Porto da Pedra, bem ao lado da escola de samba. Lá nos reuníamos para planejar novos assaltos líricos, munidos de poemas manuscritos em folhas de caderno. E foi num momento inesperado que tomamos conhecimento do Festival de Poesia da  Porto da Pedra. Marcamos que iríamos "prestigiar" o evento e só esperamos os jurados "cantarem a pedra" sobre os resultados que daríamos inicio a mais um happining lírico, ao estilo heppie dos anos beatlemaníacos. 
"Seu Romildes" e Antonio Cerqueira Lima saíram rumo à capital fluminense e nós ficamos lá com nossos copões de caipvodka noite a dentro. O calçadão da escola ia lotando e, volta e meia, alguém de nós circulava entre os presentes recitando algum poema bem agitativo ao estilo Cântico Negro de José Régio, ou qualquer um de Torquato Neto ou de Eduardo Alves da Costa.
Não posso menosprezar nada do que fizemos. Bem ou mal, o saldo é que ficamos conhecidos. Mas hoje essa alegria se restringe a sentar para tomar um vinho com mais cautela e mais exigências no trato com a poesia, coisa que aprendemos com a dupla de poetas que agitou nas frequências "curtas" ou moduladas muito mais do que nós pelas vias públicas.
No entanto, seja pelas rádios ou nos festivais de poesia das periferias, lá em São Gonçalo, ou em Jacarepaguá com a Casa do Poeta, "Seu Romildes"e Antonio Cerqueira Lima estão marcando presença, agora, nos festivais da poesia eterna de Nosso Senhor lá no Céu. O Cerqueira, como era carinhosamente denominado pelos mais íntimos, partiu com passaporte carimbado em 01/09/2016. Foi adiantar os trabalhos para a chegada do mestre Romildes de Meirelles, que recebeu seu visto no dia 11 de setembro presente.
Ninguém pode fazer ideia da envergadura dessas perdas, que para mim são comparáveis apenas à subtração sofrida por todos com a ausência de um grande agitador cultural dos anos noventa; seu nome:

 Francisco Igreja. Foto:APPERJ
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sábado, 17 de setembro de 2016

Escândalos Eleitorais * Antonio Cabral Filho - Rj

Escândalos Eleitorais
Meus amigos,
urna vota? Claro que não. Computador erra? Também não. Então o que explica os escândalos eleitorais, a eleição de pessoas estranhas ao eleitor, sujeitos que nunca apareceram na sua esquina e de repente, estão lá no parlamento nos representando?  Quem pode responder a isso? Nós, os simples mortais? Não. Os candidatos ditos gente de bem? Muito menos. As autoridades do TRE - Tribunal Regional Eleitoras? Também não. Porque nós, os simples mortais, não conhecemos a engenharia do processo de apuração, não somos abalizados no conhecimento de informática o suficiente para poder nos intrometer nessa puáia toda e desmascarar quem quer que seja. Os candidatos, nem pensar, pois vão advogar em causa própria, defendendo os seus interesses. O TRE muito menos, porque mesmo sendo o responsável por toda a organização das eleições, não dispõe de gente o bastante para dar conta de tanto trabalho e é aí que mora o perigo: em todas as eleições, o TRE convoca voluntários cadastrados de diversas maneiras, seja por indicação de seus próprios membros, seja através dos partidos. E quando chega na hora de apurar os votos, sempre aparece um bacaninha afilhado de poderoso que "aceita" arcar com a pesada tarefa de ficar lançando dados noite adentro a título de colaboração espontânea. Mas, a serviço de quem? Quem é que paga o seu jantar no meio da madrugada vindo num carrão com motorista e segurança ostentando a embalagem do restaurante granfino?  São dúvidas e perguntas como estas sem respostas de ninguém que encobrem todo o esquema da corrupção eleitoral e permitem a eleição do Seu Fulano, que nem precisa fazer campanha eleitoral, pois o seu voto foi comprado a peso de ouro e o seu mandato é garantido, exatamente, lá na apuração. É nesse momento que tudo ocorre sem choro nem vela, pois os fiscais de partidos são todos coniventes entre si em função dos mesmo interesses, ou seja, se eu puder aumentar, no momento da digitação, a votação do meu candidato, por que não fazê-lo, se ninguém pode impedir? Afinal, o computador não está na minha mão? Eu não posso fazer o que eu quiser? 

Enquanto pensam nisso, vamos lembrar um pouco da história. Em 1982, houve a primeira eleição direta para governador desde o golpe militar de 1964. A disputa não poderia ser fácil, com a ditadura de um lado, no PDS, Partido Democrático Social, encabeçado por ninguém menos que o hoje dito democrata Moreira Franco e na sua oposição o famoso líder trabalhista Leonel de Moura Brizola, do recém - criado PDT - Partido Democrático Trabalhista. Finda a campanha eleitoral, fomos votar. 

Ninguém duvidaria da vitória da oposição, feita à base de denúncias contra os militares, contra a elevada dívida externa do país exacerbada por eles, pela anistia ampla, geral e irrestrita, por eleições gerais e pela constituinte. Naquela época, a apuração era manual, os votos eram cédulas de papel em que a gente marcava o candidato com uma cruzinha e se contava os votos majoritários - governador, por exemplo -  primeiro e por último, senadores, deputados federais e deputados estaduais. 

Era uma loucura, porque se alguém acusasse alguma coisa como errada, tínhamos que recomeçar do zero. Então, o que acontecia? Ninguém punha dúvida em porra nenhuma, senão ia ficar a semana inteira naquela merda. Os partidos grandes, geralmente, dispunham de maior quantidade de pessoal e levavam vantagem em tudo, contava o voto dos outros para si e pronto. Ninguém dava conta de fiscalizar mesmo. Enfim, a fraude era resultado mais do cansaço das equipes de fiscalização do que propriamente do interesse por ela. Foi devido a isso que o TRE do Rio decidiu contratar empresa especializada em processamento de dados para otimizar a apuração. Naquela época, esse ramo de atividade era praticamente inexistente, ainda embrionário, e as poucas empresas do ramo tinham até dificuldade pra se manterem. Mas o TRE encontrou uma tal de PROCONSULT - já viu, né? - e a contratou para o serviço. Portanto, era de se esperar mais rapidez, eficiência, clareza na apresentação dos mapas da votação, pois se supunha haver gente a balde para realizar isso, mas que nada... A coisa ficou feia, piorou, a morosidade causou tensão, nervosismo, desconfiança, etc e tal mais o medo do jogo duro dos militares incrustados naquilo tudo, enfim, escândalo eleitoral! Sorte é que o Brizola salvou todo mundo, graças à sua coragem, desprendimento, espírito de nacionalidade, que convocou a imprensa nacional e estrangeira, e botou a boca no trombone, denunciou tudo, berrou pelos quatro cantos, meteu o dedo na ferida daquele câncer e apontou a fraude em andamento para eleger Moreira Franco e continuar a ditadura... A Rede Globo estava por trás de tudo, e a maioria dos líderes de audiência dos seus jornais ainda estão na ativa. Alguém conhece um tal de Merval Pereira? Pesquisem, verifiquem todos esses velhos jornalistas da Globo e verifiquem a participação deles no chamado Escândalo da PROCONSULT. Imediatamente o TRE apareceu para se explicar, a Rede Globo exigiu retração do Brizola, mas ele reafirmou tudo que tinha dito e pediu rigorosa investigação.

 Foi o maior nervosismo que eu já tinha visto na minha vida de cidadão militante, porque ali podiam ter matado o Brizola, e aproveitado pra levar junto um monte de comunistinha como eu e tantos outros, que militavam o tempo todo contra a ditadura militar. Mas felizmente aconteceu o contrário: foi promulgado o resultado final das apurações e Brizola foi apresentado como o vencedor pelo TRE da ditadura militar assassina. Meu candidato, Lizâneas Maciel - pelo PT - ficou em terceiro lugar na votação, mas, sinceramente, eu fui comemorar junto com os brizolistas a vitória contra a ditadura. E os "ESCÂNDALOS ELEITORAIS" passaram à história eleitoral brasileira com o carimbo "Rede Globo". Confiram aqui:
1 - Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/memoria/a-globo-e-a-proconsult/ 
2 - Memória Globo
http://memoriaglobo.globo.com/acusacoes-falsas/proconsult.htm 

Bom, eu estou levantando essa bola toda apenas porque estamos na véspera de mais uma eleição. Todos sabemos como está o país, afogado em corrupção. Fraude de todo tipo, a ponto de o parlamento e o judiciário brasileiros serem os autores do golpe dado na Presidenta Dilma, eleita dentro da lei, baseado numa fraude, a tal da "Pedalada Fiscal", uma jogada financeira que vem desde o Império, quando o Rei, lá da Torre do Tombo, autorizava gastos a serem descontados no orçamento do ano seguinte. Esse golpe ficou mais explícito ainda quando no dia seguinte, o parlamento brasileiro transformou a pedalada fiscal em lei, provando que ELA não podia mas ellllles podem... Todos sabemos que nem está havendo uma verdadeira campanha eleitoral, pois não há sequer tempo hábil pra isso. Muitos candidatos são tão desconhecidos que até assustam a gente com seus santinhos esquisitos, saídos ninguém sabe de onde, e aquelas raposas velhas continuam falando tudo que já sabemos: mentiras. Mas o que vai acontecer? Não duvidem. Quem tiver "bala", vai se eleger, e digo bala em todos os sentidos, pois só na Baixada Fluminense já mataram uma leva de candidatos que disputavam o território do crime organizado. Portanto, meus amigos, estamos vivendo tempos profetizados por um mago chamado "Rede Globo", que arregimenta, direciona e dita o resultado, já dizia o anjo vingador Leonel de Moura Brizola.
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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O Lula, Mas o Lula * Antonio Cabral Filho - Rj

O Lula, Mas o Lula
-metro-15/09/2016-

Nunca perdi meu tempo em escrever sobre um político, logo como Lula, mas o Lula...
É verdade, me tira do sério. Não consigo entender como é que uma pessoa, como o Lula, herdeiro da tradição trabalhista perdida pelo PTB e PDT, se deixa chegar a tal ponto. Ele hoje é padrão de corrupto. Verdade tem que ser dita: ele nunca foi nem será "comunista", pois conta como vantagem as voltas que ele dava nos irmãos vendendo amendoim nas ruas de Santos - podem conferir lá no seu primeiro livro: Lula, o metalúrgico, Editora Nova Fronteira. Ganha do Maluf de décadas exibido pela mídia como o top da corrupção. Todos os vagabundos queriam aparecer ao lado dele porque era sinônimo de esperteza, cara inteligente, senhor de frases de efeito que qualquer pilantrinha da política saia repetindo, tais como "estupra mas não mata", "rouba mas faz" e “Por amor a São Paulo” na coligação com o PT"; respeitado pelos grandes "capos" das máfias e persona indispensável nos banquetes das elites, não só de São Paulo. E nenhuma comemoração da FIESP foi feita sem a presença desse "curinga..." 

Na esteira desse rol, vem a pelegada sindical, tanto cutista como da velha guarda. Desde os tempos de "Joaquinzão" - velho pelego sindical aliado da direita, do patronato e da ditadura-  que o sindicalismo brasileiro só produz vagabundos. Anote aí Luiz Antonio Medeiros e o Paulo Pereira da Silva, o atual Paulinho da Força. No Rio de Janeiro, o quadro não é diferente. A máfia dos pelegos sindicais é tão bem protegida pelos patrões que no início dos anos oitenta a operadora de caixa da livraria em que eu trabalhava atendeu um telefonema e mentiu dizendo que era uma certa "Dona Fulana", chefe do RH. Eu estava embrulhando uns livros para o Professor Leandro Konder, que aguardava ao lado quando ouvimos a voz dizendo "fala pro seu chefe aí demitir esse agitadorzinho comunista chamado Cabral senão nós vamos mandar os fiscais do Ministério do Trabalho passarem ai..." e desligou na cara dela. Nós ficamos rindo na hora, mas logo expliquei que era da "turma do Roma", pelego sindical que sugou os comerciários até se cansar.
O pior é que esse tipo de sindicalismo já era poderoso antes do surgimento tanto do PT quanto da CUT. E o que causa mais revolta ainda é saber que quem esperava pelo nascimento de um sindicalismo essencialmente operário, construído e dirigido por trabalhadores, deu com os burros n'água, como eu. Não posso esconder que tirei do meu bolso passagem e comida não só pra mim para poder ajudar na derrubada de pelegos históricos daqui do Rio de Janeiro, como no caso dos bancários do Rio, dos metalúrgicos do Rio e de Niterói, dos hípicos do Rio, dos médicos do Rio, dos enfermeiros do Rio, e dos rodoviários do Rio e de Niterói. Nunca pleiteei emprego, mas quando eu vi um sindicalista construindo um casarão em São Gonçalo, Rio de Janeiro, eu me perguntei se ele teria dinheiro para aquilo e ao investigar melhor, soube que o "dissídio" tinha gerado um "pro labore" para cada um dos diretores tão elevado que dava pra fazer umas três mansões pra cada diretor do sindicato. Aí eu parei de militar em eleições sindicais e passei a trabalhar só nas organizações de base no sentido de fazer com que os trabalhadores percebam o que andam fazendo os seus diretores sindicais. 
Não demorou, e surgiu o Grupo 113, a verdadeira Articulação, grupo do Lula, e a "inquisição amarela" de perseguição às esquerdas dentro do PT e da CUT resultou na expulsão de todos as correntes políticas que tinham pensamento político realmente centrado na filosofia marxista, diferentemente da dita cuja, baseada na social - democracia e na teologia da libertação. Jamais vou acusar algum dirigente da Igreja Católica de ter influenciado no caminho seguido por Lula & Cia, porque acredito na sinceridade de propósitos de um Frei Beto ou Frei Leonardo Boff, mas não posso admitir que eles tenham se passado por inocentes úteis.
Hoje, quando vemos a situação a que chegaram Lula, o PT e a CUT, dá vontade de esconder a cara. Nem dá pra acreditar que já se tenha vestido as camisas, sacudido as bandeiras e gritado as palavras de ordem que foram referências desse conjunto histórico de forças políticas oriundas do movimento operário e popular surgido contra a ditadura militar, pelas eleições diretas em 1984 e pela constituinte em 1988.
Ninguém que nasceu de 1990 para cá tem como perceber a riqueza em termos de mobilização social, de percepção dos direitos individuais da pessoa humana, da ascensão das chamadas minorias ao cenário da cidadania, da chegada do negro, do índio, da mulher, dos deficientes e dos homossexuais ao patamar do respeito aos seus direitos, até porque toda a mobilização pela conquista desse padrão de cidadania se deu até à promulgação da Constituição de 1988.

Outra coisa que não dá pra entender é por quê o sujeito não se defende. Considerá-lo incompetente, fora de cogitação. Acreditar que ele seja inocente, idem. Mas então por que ele não encara esse tsunami de acusações e desmascara todo mundo de peito aberto? Medo, é sabido que ele não tem. Foi preso e perseguido durante a ditadura militar, curtiu 41 dias de cadeia com a massa na porta do presídio mantendo a mobilização pela sua liberdade, saiu de lá vitorioso, conhece muito bem a fome, tanto por necessidade financeira quanto por necessidade política, com as greves de fome das quais participou e fez tremer o Estádio da Vila Euclides coalhado de trabalhadores com os helicópteros do Exército Brasileiro sobrevoando o local. E mesmo quando perdeu várias eleições, o resultado político da disputa tornou-se vitória moral para ele, fortalecendo-o ainda mais, a ponto de fazer o seu principal arqui-inimigo FHC ser obrigado a lhe passar a faixa presidencial. Qual é o problema? Será o judiciário brasileiro? Eu dispensaria ele, e iria rumo à opinião pública, brasileira e mundial, e afogaria todo mundo com um banho de mobilização de massas, levando este país a mais uma constituinte, com um novo patamar de reivindicações de modo a aprofundar as conquistas sociais.

Mas ressoa em minha mente um ditado: quem cala consente. E se não se defende, tem conta no cartório. Sequer, aprendeu alguma coisa com Maluf e outros nobres da corrupção com os quais fez coligações e alianças. A dissimulação, o cinismo, o bom humor, as piadas espirituosas, tão características da corruptalha brasileira, não lhe serviram de nada. Lembra o aprendiz de feiticeiro, que foi fazer o curso de feiticeiro, tirou dez em todos os exercícios, foi um aluno brilhante, deu exemplos extraordinários, mas na hora da prova presencial, na frente da banca examinadora, quando deveria provar que realmente era feiticeiro, falhou, desapontou os seus mestres, envergonhou os seus colegas, fez a assistência emudecer, e foi obrigado a dizer que, realmente, não era feiticeiro, mas queria tanto, tanto, tando ser feiticeiro, que foi fazer o curso pra ver se conseguia... E, sequer, vai passar ao folclore político com alguma grandeza, digno de ser colhido por pelo nosso folclorista-mor Sebatião Nery.
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domingo, 4 de setembro de 2016

Drogas Norteamericanas Contra o Comunismo * Antonio Cabral Filho - Rj

Drogas Norteamericanas Contra o Comunismo
Sabe-se publicamente que os USA 
são o maior produtor de drogas do mundo. E mesmo não possuindo um só palmo de terra para produzir coca, maconha e papoula, é lá que se consome a maior parte da produção oriunda das suas colônias, localizadas na América do Sul e no Oriente. Mas é interessante observar que nenhum país não-alinhado com o Tio Sam produza drogas, pelo menos na proporção de seus aliados.  É também o único país do mundo que desenvolve tecnologia de combate às drogas, e pra isso criou até um departamento chamado DEA. Mas o que mais estranha é que na maioria dos estados federados norteamericanos as drogas circulem livremente e inclusive são liberadas em alguns. Pode?
 Outra coisa que não dá para entender é por quê que quem não consome as suas drogas é tratado como inimigo da democracia, inimigo dos estados unidos, inimigo do consumismo, inimigo do mundo das oportunidades etc e passa a ser vítima de sua perseguição, que se consolida através da obrigação em aceitar refrigerantes químicos cocacola, roupas tipo jeans, cigarros tipo holliwood e prostitutas sempre louras, apresentadas como socialaites topmodels. Sem querer ofender a memória de Marilyn Monroe, mas ela representa isso. Seu rosto foi estampado na propaganda norteamericana como namoradinha de Kenedy e sonho de todo macho, geralmente trajando vestes com as cores da sua bandeira.
Isso foi o padrão até à guerra do Vietnam, após as históricas invasões de Cuba, São Domingos, Guatemala e Bolívia pra fuzilar o Chê. Só não funcionou contra o comunismo fidelista, pois o Comandante Fidel operou diretamente de seu tanque a derrubada dos aviões do Tio Sam. Essa operação entrou para a história denominada Invasão da Baia dos Porcos, e ficou registrada pela Batalha de Girón, em 1961, quando a CIA, polícia política dos USA, recrutou e treinou uma escória de cubanos anticomunistas com o objetivo de invadir Cuba e matar Fidel. Desde então a ideia virou estigma e as brigadas de assalto contrarrevolucionárias foram trocadas por ataques diretos do Governo Norteamericano através de tropas especiais, como ocorreu com Granada em 14 de outubro de 1983. A partir de então, as operações militares norteamericanas viraram seu instrumento diplomático mais eficiente. Quer um exemplo? A invasão do Iraque. Quer mais? A invasão da Líbia. Se precisar de mais, lembre-se da busca a Osama Bin Laden, no Afeganistão, com ataques a residências civis e matança indiscriminada.
Bom, mas as drogas norteamericanas veem se sofisticando e o que antes era realizado clandestinamente, agora passou para o palco e à frente dos olhos do mundo todo. Uma canecada de ayahuaska daquelas...Ninguém pode mais ignorar o papel retrógado desenvolvido pelo Tio Sam na busca do lucro. Não importam fronteiras nacionais, estado de direito, democracia, divisas nacionais, países constituídos de forma republicana, com eleições livres e diretas, constituições aprovadas inclusive com referendum popular; nada. Tudo isso é tapete para seus objetivos. Portanto, vejam a nova realidade do cone sul americano, onde países abertamente democráticos, em que  todos poderiam disputar hegemonias, são abruptamente atacados por quadrilhas formadas por nobres representantes do capital apátrida, a mais recente droga norteamericana, e golpes são efetuados com requintes de banquetes, como ocorreu na Argentina e no Brasil. Incrível é que só não funciona contra Cuba... mas o povo cubano é cubano.

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sábado, 3 de setembro de 2016

Bispo Macedo Flerta Com Israel: E Eu Com Isso? * Antonio Cabral Filho - Rj

Bispo Macedo Flerta Com Israel: E Eu Com Isso?

-Foto AFP -

A pergunta acima surgiu-me por acaso. Ocorreu após eu ler a matéria sobre a atitude do judoca egípcio não aceitar cumprimentos do oponente israelense, nas "olimpiadas" de 2016. 

Depois de ler a matéria exaustivamente, fiquei impressionado com a preocupação do jornal do bispo - uma espécie de folha do mundo inteiro  - em apresentar inúmeros casos de rejeições a saudações oriundas dos israelenses, e em diversas ocasiões envolvendo eventos esportivos e atletas.

O jornal do bispo é bastante eficiente em elaboração de texto, pois vai cortando o assunto em diversos "textinhos" curtíssimos, e com isso facilitando aos seus leitores a compreensão do conteúdo. Parabéns, é o que eu diria, se não fosse para alienar tantos pobres coitados com lorotas sem pé nem cabeça. Afinal de contas, uma dona-de-casa, um trabalhador, que vão à igreja buscar um pouco de alimento espiritual para suportar a exploração patronal diária, como poderiam se sentir integrados a uma discussão sobre mumunhas entre atletas de religiões, ideologias e países tão específicas? 

Mas os mercenários que fazem o jornal do bispo tem a solução: eles vão espalhando fotos coloridas, tudo muito bonito, gente branquinha, todas sorridentes, felizes, cheias de sucesso, frases carregadas de otimismo, e repressão a quem se pauta pela realidade, por mais que ela seja nua e crua, patente, como no caso dos judocas Islam El Shehaby - egípcio - e  Or Sansson - israelense. Até ousaria me perguntar se o atleta israelense concorda com a beligerância do seu país....

Segundo um articulista do jornal do bispo, divulgador do site do bispo, os "usuários de internet de ambos os países também reprovaram o ato antiesportivo" e saiu ressaltando a importância de se respeitar as regras da boa conduta, o espírito de amizade das olimpíadas, e fecha dizendo que o porta-voz do COI - Comitê Olímpico Internacional, o britânico Mark Adams, chamou tudo de uma vergonha.

Mas glória! O atleta egípcio teve uma - 1 - oportunidade na matéria. Foi citado no terceiro parágrafo, onde está dito que ele deu entrevista ao jornal egípcio Egypt Daily News e explicou com toda serenidade que ninguém é obrigado a cumprir regras de ninguém e ele sendo um muçulmano se sentiria ofendido em apertar a mão de um judeu.

Aqui mais uma vez o mercenário que escreve a matéria do jornal do bispo volta a carga, e ressalta a importância das redes sociais egípcias por terem feito pressão para que o atleta não aceitasse competir com israelenses, pois isso significaria reconhecer Israel como um estado legítimo. E finda o único trecho em que o atleta egípcio foi citado, dizendo que o seu país - Egito - foi o primeiro país a assinar um acordo de paz com Israel em 1979, mas que o povo, de ambos os países, não veem isso com bons olhos. Só não entendo por que entrar nesse assunto...

A partir daqui, o jornal do bispo só tem olhos para Israel. Cita dois  órgãos da imprensa mundial contra o atleta egípcio, são eles, o Newsday, norteamericano; e o Haaretz, israelense; e vomita moralismo intitulado de "bons exemplos", onde cita um tenista muçulmano que formou dupla com um israelense, como se o esporte estivesse acima de sua pátria e de sua religião, e realça o "espírito esportivo" através de duas atletas que caíram durante as olimpíadas e após o incidente, marcharam juntas até ao final.

Mas a joia da matéria, feita pelo mercenário articulista do jornal do bispo, está lá no meio, bem entocadinha, como que pra ninguém perceber seu parcialismo, onde ele destaca o jornal israelense Haaretz como porta-voz da grande sacada e informa que houve outra demonstração antissemita em solo carioca, quando atletas libaneses se negaram a ir à cerimônia de abertura no mesmo ônibus em que estavam os israelenses. E encerra com toda felicidade o fato de outro atleta, desta vez saudita, ter desistido da competição só para não lutar com um israelense. 

O articulista do jornal do bispo é farto em provocações e faz um bom serviço de divulgação do namoro do bispo com o estado de israel. Só não se sabe por quê...

Mas provocações à parte, aqui no Brasil vem ocorrendo um recrutamento de mercenários pela igreja do bispo. Seu objetivo é explícito e busca formar Tropas de Elite para blindar seus fiéis mais prósperos, utilizando para isso um discurso de proteger seu patrimônio contra os vândalos das outras religiões. Ou seria o contrário: seu objetivo real não seria atacar as outras religiões com alto poder de fogo? Onde se encaixa aí o seu flerte com Israel? É sabido que Israel contrata mercenários de qualquer procedência e paga em dólar. Fica a questão para reflexão. 

Vamos agora a outro quesito muito escamoteado no Brasil sobre as entidades religiosas em geral, que é a isenção de impostos e do imposto de renda. Todos sabemos que todas elas podem arrecadar dinheiro à vontade, seja através de atividades próprias seja através de doações. Mas é sabido também que nenhuma é obrigada a apresentar comprovante de seu faturamento a ninguém. E o governo brasileiro sabe muito melhor do que eu que isso é uma imensa possibilidade de lavagem de dinheiro. Do contrário, como se explicaria o enriquecimento meteórico de certas entidades religiosas? Há até algumas que já nasceram riquíssimas, com catedrais mundiais imensas, diversas estações de rádio, canais de televisão, e rede mundial de filiais. Alguém já deixou escapar que dinheiro de fiel não constrói palácios... Então de onde vem tanto dinheiro?
Será que não está na hora de todas elas apresentar balanço anual e para imposto de renda?
Ficam as questões para reflexão... mas e eu com isso?

Mas minha crônica não poderia findar incompleta e passar ao largo da "chorada" que o jornal do bispo dá sobre os cadáveres dos atletas israelense nas olimpíadas de Munique em 1972, e destacar  que não fala do contexto político de beligerância entre Israel e os países árabes, através do quais a Palestina conseguiu se manter e vem conseguindo se defender do terrorismo estatal de Israel. E que naquele momento de alta tensão política dos blocos capitalista/socialista, a resistência palestina teve sua bandeira erguida mais alta graças à OLP - Organização Para Libertação da Palestina, liderada por Yasser Arafat.

E a título de conclusão, a matéria do mercenário do jornal do bispo abre com a chamada : "NÃO" A UM GESTO DE PAZ. E eu me pergunto, "não a um gesto de paz" vindo de quem? De um judeu, do estado de Israel, da indústria armamentista, de um ponta-de-lança do imperialismo, ou de um cínico que fala de paz enquanto ataca os campos palestinos e mata gente desarmada e desvalida?

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