sábado, 29 de outubro de 2016

Amor de Mãe - Cronica * Antonio Cabral Filho - Rj

Amor de  Mãe
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Sempre que o sol se punha, de manhã ou de tarde, meu pai dizia: 'Vamos que é hora da onça beber água', e lá íamos nós esgueirando por entre o cipoal da floresta, evitando ruídos até deitarmos sobre uma imensa pedra que fica acima da nascente da serra, onde a bicharada vem beber água. Raposa não; não matávamos porque não tem carne. Lobos, às vezes, se estiver gordinho. Pacas, sempre, pois se alimentam de raízes leguminosas e é uma carne gostosa. Tatu, só quando entocado, pois em campo aberto ninguém lhe pega, graças ao casco que lhe permite camuflagens e às dificuldades para agarrá-lo. Cutia? Cutia também não matávamos não; é pouca carne. Catitu, é um caso a pensar, se estivermos bem entocados o suficiente para recolhê-lo antes que a manada chegue, pois é costume da família comer o corpo do ente morto para o mesmo não ser comido por outros animais. Onça, ah! Onça, é bom demais matar uma, mas tem que ser com um tiro fatal, de preferência na testa enquanto ela está de cabeça baixa bebendo água. Cai no ato. Aí tem-se que ter o cuidado de dar um tempo pra ver se não aparece companhia, senão vai virar tira gosto...

Era sempre assim. Às vezes, ficávamos horas a fio, tocaiando, esperando, conversando monossílabos, fazendo gestos, assuntando os ruídos da floresta, assovios de cobra, principalmente cascavel. Ela imita os assovios de outros bichos para atrair presas desavisadas e caçá-las. Mas, às vezes, ouvíamos orquestras de assovios! Era a macacada. Grunhidos dos machos dominantes, se destacavam dando ordens, alertando para os perigos. Eles vinham na frente, examinando o caminho; outros ficavam nas copas mais altas das árvores, para ordenar a retirada em caso de ataque. É uma verdadeira organização militar e que não deixa de ter sentido. Verificam a fonte, estudam o terreno e depois de convencidos da tranquilidade, liberam o consumo e o banho. Aí é como dizemos nos ditados populares: "festa da macacada". Uma algazarra das mais barulhentas, o que acaba por atrair predadores, todos os carnívoros, que atacam e, geralmente, com sucesso, devido ao pânico generalizado. Raposas, lobos, catitus são seus piores inimigos, são carnívoros vorazes, e seus ataques são precisos, pois destroçam a vítimas em poucos minutos. 

Mas a exceção são as macacas, que nunca expõem os filhos ao risco. Elas esperam lá do alto das árvores, com eles nos cangotes, acarinhando-os, catando piolhos, lambendo-os para contê-los, fazendo pequenos grunhidos como se estivessem falando com eles alguma história, e estão. Ficam lá até tudo se acalmar, e todo mundo ir embora, quando examinam os arredores e, se comprovar que não há surpresas, elas descem e bebem água, se banham, e então chamam os filhos para se servirem. Depois, poem-nos ao pescoço e saem voando de árvore em árvore, rumo local de repouso da manada.

Certa vez, eu e meu pai estávamos deitados sobre a pedreira e avistamos uma macaca imensa sentada no galho do carvalho, comendo castanhas junto com o filhote e tão logo nos notou, colocou-o sobre os ombros e continuou saboreando as  castanhas. Aí meu disse-me "aponte a arma para ela, mas sem atirar" e apontei. Rapidamente, ela pegou o filhote e colocou-o à frente dela. Então contive a espingarda e olhei para papai, que fitou-me rindo e disse interrogativamente "viu". Perguntei-lhe por que ela fez aquilo e ele respondeu-me: Pediu clemência, demonstrando que tem um filho para criar. Mas como ela bolou isso? Interroguei confuso e meu pai explicou, ao longo da caminhada pra casa, que os animais também são inteligentes e nós é que não alcançamos o modo deles se comunicarem, que isso é uma deficiência nossa...

E hoje, à tarde, enquanto o sol caía, fui passear no bananal e fiz o mesmo gesto com meu neto, e ao ver as suas dúvidas sobre os macacos comendo nossas bananas, sugeri que apontasse a espingarda para  uma macaca com seu filhote no cangote, e ele fez-me a mesma pergunta que fiz a meu pai. Mas diferentemente da primeira vez, desta notei, talvez dada a proximidade, que a mãe macaca chorava.
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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Orquestra de Cabaças - Crônica * Antonio Cabral Filho - Rj

Orquestra de Cabaças
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Orquestra de Cabaças

Não sei como é a vida de quem nunca vivenciou um golpe, seja do tipo militar, como em abril de 1964, feito pelos militares brasileiros, em nome da moral e dos bons costumes e contra o “comunismo”. Seja do tipo civil-delinqüente, realizado pela nata da corrupção, a serviço do capital financeiro internacional, apátrida e inescrupuloso, a ponto de contratar mercenários da laia de um josé serra servo da vagabungem, de aécio trombadinha cocaineiro neves, de eduardo cunha quadrilheiro evangélico das contas secretas nos paraísos fiscais, de michel temer cabeça de ponte bola da vez, de mágicos fernandos henriques dos clubes secretos de investidores e consortes da ratazanada sedenta por uma migalhasinha das mesadas do imperialismo capitaneado pelos USA de Barac Obama e CIA. Sinceramente, não sei. Não sei como vivem pessoas que se dizem neutras, independentes, alheias, odiadoras da política, mas que estão sempre dizendo que “devemos esperar, dar um voto de confiança ao homem, que devemos pensar no país, parar de viver criticando” e outras idiotices de gente covarde.

Mas sei e muito bem como é a vida de quem sempre teve o lado definido em qualquer conjuntura política nacional ou internacional. Sei como é a vida de quem sempre esteve do lado dos explorados, do lado do seu país, e contra quaisquer interesses anti –patrióticos, anti – proletários, anti – povo, anti – trabalhadores, anti todos aqueles que suam as camisas para ter o pão-de-cada-dia sobre a mesa dos filhos.

Digo isso para chamar a atenção de quem neste momento ESTÁ A FAVOR DO GOLPE, porque está cometendo o mais horrendo dos crimes, está matando os próprios filhos e atirando os cadáveres dos seus antepassados aos urubus, está tomando a mais triste das atitudes e faz isso em nome do combate à corrupção, mas ignorando todo o papel das elites políticas e econômicas, não apenas nacionais, que sempre sugaram a força de trabalho brasileira e as riquezas deste país, sejam aquelas produzíveis sobre o solo, sejam as riquezas encontráveis no subsolo nacional, como o PRÉ SAL.
Faz-se necessário ter em conta de que tanto o petróleo brasileiro, como o pré-sal, são riquezas nacionais, que pertencem ao povo brasileiro, fazem parte do patrimônio desta nação, e que por direito inalienável, não podem ser entregues nem vendidos a nenhuma empresa, seja nacional ou estrangeira e muito menos ao controle externo de governo nenhum, e sequer aos USA. Quem duvidar destas palavras, consulte a Constituição de 1988.

Digo mais, a quem nunca vivenciou um golpe, que ninguém precisa arrancar dente para saber que dói, como também não precisa ter trabalhado em troca do salário mínimo para saber como é a vida do trabalhador; basta verificar o poder de compra daquela quantia no momento exato. Da mesma forma, ninguém precisa ser burguês para saber o que é explorar a mão de obra alheia, apesar de haver muito infeliz dono de uma empreseca que paga tão mal a seu funcionário como qualquer grande grupo econômico, ou o contrário: há muito trabalhador qualificado ou não que se acha patrão, e humilha, maltrata, ofende, e até bate em colegas de trabalho por se sentir poderoso dentro da empresa em que trabalha, ignorando que um processo contra a empresa por maus tratos a um funcionário vai atingi-lo em cheio, quando a mesma tiver que pagar as indenizações pelos crimes cometidos por ele.
Essas questões que estou colocando são o chão sobre o qual avança a passos largos o GOLPE DELINQUENTE NO BRASIL, que começou com o rol de acusações infundadas à presidenta eleita Dilma Roussef e se aprofunda a cada dia com novos atos, cada qual deles mais GOLPISTA, e que exigem uma resposta cada vez mais contundente de todo o povo, independente de partidos, para dar fim a esse caos, mas necessariamente dos mais humildes, de todos os trabalhadores qualificados ou não, pois todos, sem tirar nem por, estamos sob a mesma mira: a miserabilidade total.

Gostaria que observassem os passos do escroto interino na presidência da república, vejam que até agora, só foi recebido com pompas pelo governo japonês, que é um dos insufladores do golpe desde o primeiro momento, junto com USA/Barac Obama e nos demais lugares aonde tentou posar de galã, foi rechaçado. Vide reunião da ONU e dos Países Ricos. Observem também seu comportamento interno, que apesar de toda a sua rejeição pessoal, o seu partido fez a maioria das prefeituras e vereadores nas eleição de 3 de outubro, apesar de todas as denúncias de manipulação da urna eleitoral, que a cada dia a sua rejeição fica mais visível até para seus bajuladores espontâneos – aquelas pessoas miseraveisinhas que não ganham mais do que pé nas bundas e continuam elogiando – o. É patente que a sua política de arrocho já chegou aos bolsos da classe média, que vai pagar mais imposto de renda no próximo exercício, e que o povão em geral vai comer muito menos do que até agora.

Bom, essa política GOLPISTA só tem um pé em que se sustentar: é na fascistização do regime político daqui por diante. Ele terá que fechar a sociedade dentro de um regime de exceção mais do que já está e passar a impor seu estado de sítio, a exigir que a sociedade cumpra as suas ordens, tais como não usar a palavra GOLPISTA, como ele se pronunciou na posse de GOLPISTA OFICIAL, e ditar que todos terão que bater-cabeça para ele quando ele quiser platéia para aplaudir seus discursos de farsante.

Quem não vivenciou esse tipo de coisa, infelizmente não sabe do que estou falando. Claro. Vamos dar um desconto. Baba ovo de GOLPISTA desinformado é um bosta mesmo. Mas eu vou refrescar-lhes a memória, vou contar-lhes um caso de 1964. Nessa época, eu tinha 11 anos e acabava de ser matriculado na escola de meu povoado, construída em mutirão sob as ordens dos golpistas, para dar a impressão de que eles eram a favor de nós, o povão. Faziam discursos de todo tipo, acusando os “comunistas” de nunca terem erguido uma escola para nós. Nos deram material escolar carimbado” Aliança Para o Progresso”, vindo dos USA, ganhávamos cestas básicas com leite em pó carimbado “Aliança Para o Progresso”, livros e mais livros, cadernos e mais cadernos, cartilhas de alfabetização, tudo com o carimbo “Aliança Para o Progresso”. Muito bom, até aí, tudo bem. Qual o problema da origem das doações? Aparentemente, nenhum. Não iríamos ligar mesmo para isso. Mas viriam os resultados: logo começou uma campanha contra os sindicatos, na maioria, de trabalhadores rurais, de que eram insufladores de guerrilhas, de comunismo, de que recebiam dinheiro – ouro de Moscou – da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou seja, eram acusados de serem agentes estrangeiros encarregados de derrubarem o regime em prol do comunismo no Brasil. Os padres que realizavam trabalhos de catequese e alfabetização pelas fazendas a fora, foram todos expulsos da região acusados de comunistas  e em seus postos, foram assentados padrecos a serviço do latifúndio, todos fazendo homilias a favor dos milicos e dos fazendeiros. E passaram  a fazer comemorações de todo tipo para envolver o povo. O calendário cívico nacional, com todas as suas datas comemorativas, passou a ser divulgado na escola e em todas as igrejas, com algumas fazendas fazendo uma espécie de sarau aonde se propagava as datas cívicas, com apresentação de música e poesias. Pasmem! Mas o melhor ficou por conta do sete de setembro de 1964. Ninguém na região ligava para essas datas. Bobagem! Diziam aqueles caipiras mais renitentes. E os puxa-sacos de plantão tinham que encontrar um jeito de fazer uma PARADA digna desse nome, tinham que reunir o máximo de gente, tinham que trazer a criançada uniformizada de azul e branco na frente, feliz e sorridente, todo mundo batendo percussão e tocando algum instrumento musical. Foram arranjados um monte de caminhões cobertos de lona para buscar o povo lá nas fazendas, de repente apareceram professores de música para nos ensinar a tocar para embelezar a PARADA,  a cozinha da nossa escola virou o restaurante da multidão – lanche para todo mundo o tempo todo, a nossa escola virou um acampamento dos mais numerosos que eu já tinha visto, mas mesmo com todo esforço dos GOLPISTAS DE PLANTÃO, os instrumentos musicais foram insuficientes para completar uma banda e foi necessário a criatividade popular, a cultura do povo teve que ganhar o seu espaço e provar a sua superioridade: um mestre de catira bem roceiro, analfabeto até a alma, falou para um PROFESSOR GOLPISTA: nóis pode pô cabaça nessa orquetra? É claro que o dito cujo ficou sisudo, deslocado, sem saber o que fazer dos cascos, até perguntar entalado: “Mas como?” Aí o mestre catireiro respondeu: “Nóis fais a percussão de cabaça e ocêis toca suas cordas...” Refeito do estranhamento, o professor GOLPISTA propôs um ensaio. É aí que eu entro. O Mestre Tião disse ao Maestro Professor Golpista que eu iria trazer uns burros carregados de cabaça e que ele iria treinar a meninada na lida com elas. Assim ficou acertado. Treinamos várias vezes separados, até acertarmos os compassos, aqueles tempos entre um instrumento e outro. Depois fomos ensaiar junto com os instrumentos de corda, de sopro, e sanfonas. No início, só fazíamos a marcação, ocupando o lugar do bumbo, depois na passagem das cordas para os outros instrumentos, nós fazíamos um ripique. Bom, dizer que foi um grande sete de setembro, não. Dizer que foi a PARADA dos sonhos dos GOLPISTAS, também não. É que houve um incidente em que eles viram a sua rejeição: a única parte da apresentação da orquestra na qual o povo se levantou para aplaudir, foi a apresentação da criançada tocando cabaça. Mas sabem por que: os instrumentos grã-finos foram todos colocados nas mãos dos filhos da elite do lugar: os fazendeiros. E como a massa era a maioria, nós arrebentamos.
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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Economia Política da Latinha - Crônica * Antonio Cabral Filho - Rj

Economia Política da Latinha
(Foto: assis metasi )
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Economia Política da Latinha

Quem anda pelas ruas das grandes cidades brasileiras, talvez por distração, não nota a economia mundial circulando ao seu lado, utilizando para isso uma das mais brutais formas de exploração, o trabalho braçal, quando homens que em sua maioria não possuem qualificação profissional suficiente para ocuparem espaço no mercado de trabalho formal, estão arrastando um carrinho de duas rodas chamado 'burro sem rabo' carregado até às nuvens com todo tipo de quinquilharia que lhe possa render 
algum trocado nas recicladoras. Ocorre que estas têm uma política de preço, em sua maioria, articulada com o preço de mercado internacional do produto em causa.

No caso do alumínio, ele possui várias classificações, e, o mais caro é o tipo HG, que nem vale a pena se perguntar o que quer dizer. Mas deixa pra lá. Vamos apenas tomar um tipo como base para pensarmos o modo como as recicladoras explora os catadores. Esse tipo de alumínio está cotado hoje, 17 de outubro de 2016, a US$ 2.099.476 tonelada, o que em valores nacionais corresponde a quase 10.000,00 reais. Ou seja, a recicladora tem de rebaixar o preço do alumínio do catador para permitir-lhe elevar a sua margem de lucro no repasse para os exportadores. Por exemplo, em Jacarepaguá, oeste da cidade do Rio de Janeiro, o catador está recebendo R$2,50 por quilo de latinha, e esse preço permite que o seu comprador consiga até o dobro lá no repasse. Pensando bem, se ele conseguir operar com esse preço/kg, a tonelada sairá por R$2.500,00, ou seja, um quarto do preço de mercado internacional. Com essa base, ele tem maior margem de barganha com os exportadores. Quanto ele vai conseguir na revenda do alumínio, a gente não sabe. Mas o que a gente pode assegurar é que ele tem três vezes mais chances de conseguir um bom negócio. 

Mas nessa matemática financeira toda há um detalhe que dificilmente alguém percebe: é o fato de o catador estar informado da política de preços internacionais dos produtos por ele recolhidos, e mais, saber o que é uma commodity.

Dia desses eu estava indo ao correio postar uns livros para clientes e me deparei com um catador orientando outro sujeito que me pareceu ser catador também e percebi que ele falava sobre essa política de preços internacionais. Segundo ele, o alumínio brasileiro estava perdendo para outros concorrentes devido ao fator processamento; que o alumínio brasileiro estava saindo daqui em estado bruto - matéria prima - enquanto nos demais países ele era prensado em lingotes, devidamente medidos e pesados, obedecendo a acordos entre os negociadores, o que agregava valor ao produto final. Nesse momento, o catador puxou do bolso uma folha de jornal, devidamente dobrada, abriu-a e mostrou para o outro as referências sobre os tipos de alumínio e os referidos preços por tonelada de cada um. Ambos se dirigiram para a lanchonete mais próxima, sujos e esfarrapados como estavam e pediram uma garrafa pet 2 litros de água. Se sentaram  à mesa e começaram a debater os preços que recebiam por quilo de latinha catada.

Achei aquela conversa dos catadores tão instrutiva que saí de perto deles  com  a cabeça devidamente mudada sobre o tipo de gente que cata latinhas, e agora sinto-me abalizado para considerar que não se trata de tabaréus ignorantes e burros, covardemente roubados pelos receptadores, mas convencido de que dependendo da conjuntura política internacional, podem até influenciar na política de preços locais, justamente por se tratar de pessoas esclarecidas e capazes de entender as relações sociais e a economia política em que estão inseridos.

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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Somos Todos Ceciles * Antonio Cabral Filho - Rj

Somos Todos Ceciles
-Parque de Hwange - Zimbábue-
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Votei às 8.30 hs. Portanto, longe de qualquer chance de avaliar o resultado das eleições 2016.
Mas, cá, do alto da minha bestuntice mineira, eu dizia para os meus botões que o Crivela ganharia, que submeteria a cidade a um banho de fogo, o qual ele chamaria de sagrado, que as bocas-de-fumo, as vielas do baixo meretrício, os inferninhos da bandidagem e todos os locais eleitos pela sanha do crime organizado seriam elevados à categoria de "lugares santos" e legalizados para alegria e júbilo do "Senhor", não Jesus Cristo ou Deus, mas o Bispo Macedo, desde que chegassem juntinhos com os seus respectivos "mensalões" promovidos a DÍZIMO. 
Matutei também sobre suas alianças, não com as outras correntes religiosas, buscando construir um "Estado Islâmico Evangélico", uma espécie de WASP ( White=branco; A=anglo; S=saxônico; P=protestante) norte-americana, para implantar algum tipo de terror inédito, mas sim com as construtoras, sobretudo aquelas mais envolvidas nos mensalões da Lavajato, que seriam todas convocadas, às pressas, para construir catedrais, catedrais enormes, de arquitetura futurista, em padrões nunca vistos, todas devidamente superfaturadas, para o bem da sua igreja e felicidade geral de tantos bispos. E,como conheço bem o seu ódio a esta cidade maravilhosa, presumo que reuniria todos os seus bruxos-milagreiros e invocaria todos as forças das profundezas, em mais uma daquelas demonstrações de força, concentrando milhares de fiéis em alguma via pública estratégica para o trânsito, de modo a engarrafar toda a cidade, causando o máximo de desconforto a todos, independente de ser quem o elegeu ou não, tudo, só para evocar as "forças superiores" a mandarem sobre nós o mais tenebroso temporal de desgraças, promovendo a miséria mais horrenda através da distribuição de pragas apocalipticas das mais assustadoras.
Mas chega o meio-dia. Constato pelo noticiário o que meus instintos de matuto anunciaram: ele está liderando as intenções de voto nas pesquisas de boca-de-urna, bem seguido pelo PP bad-boy e por Rambo Mary Juana. "Não falei?!", disse o Caboclo Dorme-em-pé, confirmando meus prenúncios.
Decido ir procurar o que fazer, 
arrumar algo pra ocupar a minha cabeça e vejo a caixa do dvd O Grande Ditador, do Charles Chaplin. "UM!", gritou meu caboclo, e fui ver o filme. Enquanto isso, o Caboclo Dorme-em-pé me dizia que a cidade, talvez o país, caísse no mais tenebroso degredo de que se tem notícia, desde o fatídico 1º de abril de 1964, quando os milicos deram uma "noite de São Bartolomeu" ao povo brasileiro, repetida, como ópera bufa, em 31/08/2016, no impeachment de dilma lula pt, que agora se espraiaria  por todo os país, como um apocalipse tsunâmico, a partir da Cidade Maravilhosa...
Acabou  filme e fico desolado... Não consigo crer em nada do que se passa em minha mente. Resolvo desligar tudo e ir dormir, pois preciso trabalhar mais tarde. 
Dia seguinte, segunda-feira, sete horas, confiro os noticiosos. "Não falei..." diz o profeta Caboclo Dorme-em-pé; que será de nós, e lembro-me do leão africano do Zimbábue, morto por um turista gringo, sem expressar a menor ameaça ao energúmeno, por se tratar de animal adestrado. Cecil era seu nome, tinha 13 anos, uma das estrelas da Parque de Hwange, morto por Walter Palmer, e meu subconsciente Caboclo Dorme-em-pé questiona "vamos todos ficar esperando algum Walter Palmer caçar-nos?..."
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