Bispo Macedo Flerta Com Israel: E Eu Com Isso?
-Foto AFP -
A pergunta acima surgiu-me por acaso. Ocorreu após eu ler a matéria sobre a atitude do judoca egípcio não aceitar cumprimentos do oponente israelense, nas "olimpiadas" de 2016.
Depois de ler a matéria exaustivamente, fiquei impressionado com a preocupação do jornal do bispo - uma espécie de folha do mundo inteiro - em apresentar inúmeros casos de rejeições a saudações oriundas dos israelenses, e em diversas ocasiões envolvendo eventos esportivos e atletas.
O jornal do bispo é bastante eficiente em elaboração de texto, pois vai cortando o assunto em diversos "textinhos" curtíssimos, e com isso facilitando aos seus leitores a compreensão do conteúdo. Parabéns, é o que eu diria, se não fosse para alienar tantos pobres coitados com lorotas sem pé nem cabeça. Afinal de contas, uma dona-de-casa, um trabalhador, que vão à igreja buscar um pouco de alimento espiritual para suportar a exploração patronal diária, como poderiam se sentir integrados a uma discussão sobre mumunhas entre atletas de religiões, ideologias e países tão específicas?
Mas os mercenários que fazem o jornal do bispo tem a solução: eles vão espalhando fotos coloridas, tudo muito bonito, gente branquinha, todas sorridentes, felizes, cheias de sucesso, frases carregadas de otimismo, e repressão a quem se pauta pela realidade, por mais que ela seja nua e crua, patente, como no caso dos judocas Islam El Shehaby - egípcio - e Or Sansson - israelense. Até ousaria me perguntar se o atleta israelense concorda com a beligerância do seu país....
Segundo um articulista do jornal do bispo, divulgador do site do bispo, os "usuários de internet de ambos os países também reprovaram o ato antiesportivo" e saiu ressaltando a importância de se respeitar as regras da boa conduta, o espírito de amizade das olimpíadas, e fecha dizendo que o porta-voz do COI - Comitê Olímpico Internacional, o britânico Mark Adams, chamou tudo de uma vergonha.
Mas glória! O atleta egípcio teve uma - 1 - oportunidade na matéria. Foi citado no terceiro parágrafo, onde está dito que ele deu entrevista ao jornal egípcio Egypt Daily News e explicou com toda serenidade que ninguém é obrigado a cumprir regras de ninguém e ele sendo um muçulmano se sentiria ofendido em apertar a mão de um judeu.
Aqui mais uma vez o mercenário que escreve a matéria do jornal do bispo volta a carga, e ressalta a importância das redes sociais egípcias por terem feito pressão para que o atleta não aceitasse competir com israelenses, pois isso significaria reconhecer Israel como um estado legítimo. E finda o único trecho em que o atleta egípcio foi citado, dizendo que o seu país - Egito - foi o primeiro país a assinar um acordo de paz com Israel em 1979, mas que o povo, de ambos os países, não veem isso com bons olhos. Só não entendo por que entrar nesse assunto...
A partir daqui, o jornal do bispo só tem olhos para Israel. Cita dois órgãos da imprensa mundial contra o atleta egípcio, são eles, o Newsday, norteamericano; e o Haaretz, israelense; e vomita moralismo intitulado de "bons exemplos", onde cita um tenista muçulmano que formou dupla com um israelense, como se o esporte estivesse acima de sua pátria e de sua religião, e realça o "espírito esportivo" através de duas atletas que caíram durante as olimpíadas e após o incidente, marcharam juntas até ao final.
Mas a joia da matéria, feita pelo mercenário articulista do jornal do bispo, está lá no meio, bem entocadinha, como que pra ninguém perceber seu parcialismo, onde ele destaca o jornal israelense Haaretz como porta-voz da grande sacada e informa que houve outra demonstração antissemita em solo carioca, quando atletas libaneses se negaram a ir à cerimônia de abertura no mesmo ônibus em que estavam os israelenses. E encerra com toda felicidade o fato de outro atleta, desta vez saudita, ter desistido da competição só para não lutar com um israelense.
O articulista do jornal do bispo é farto em provocações e faz um bom serviço de divulgação do namoro do bispo com o estado de israel. Só não se sabe por quê...
Mas provocações à parte, aqui no Brasil vem ocorrendo um recrutamento de mercenários pela igreja do bispo. Seu objetivo é explícito e busca formar Tropas de Elite para blindar seus fiéis mais prósperos, utilizando para isso um discurso de proteger seu patrimônio contra os vândalos das outras religiões. Ou seria o contrário: seu objetivo real não seria atacar as outras religiões com alto poder de fogo? Onde se encaixa aí o seu flerte com Israel? É sabido que Israel contrata mercenários de qualquer procedência e paga em dólar. Fica a questão para reflexão.
Vamos agora a outro quesito muito escamoteado no Brasil sobre as entidades religiosas em geral, que é a isenção de impostos e do imposto de renda. Todos sabemos que todas elas podem arrecadar dinheiro à vontade, seja através de atividades próprias seja através de doações. Mas é sabido também que nenhuma é obrigada a apresentar comprovante de seu faturamento a ninguém. E o governo brasileiro sabe muito melhor do que eu que isso é uma imensa possibilidade de lavagem de dinheiro. Do contrário, como se explicaria o enriquecimento meteórico de certas entidades religiosas? Há até algumas que já nasceram riquíssimas, com catedrais mundiais imensas, diversas estações de rádio, canais de televisão, e rede mundial de filiais. Alguém já deixou escapar que dinheiro de fiel não constrói palácios... Então de onde vem tanto dinheiro?
Será que não está na hora de todas elas apresentar balanço anual e para imposto de renda?
Ficam as questões para reflexão... mas e eu com isso?
Mas minha crônica não poderia findar incompleta e passar ao largo da "chorada" que o jornal do bispo dá sobre os cadáveres dos atletas israelense nas olimpíadas de Munique em 1972, e destacar que não fala do contexto político de beligerância entre Israel e os países árabes, através do quais a Palestina conseguiu se manter e vem conseguindo se defender do terrorismo estatal de Israel. E que naquele momento de alta tensão política dos blocos capitalista/socialista, a resistência palestina teve sua bandeira erguida mais alta graças à OLP - Organização Para Libertação da Palestina, liderada por Yasser Arafat.
E a título de conclusão, a matéria do mercenário do jornal do bispo abre com a chamada : "NÃO" A UM GESTO DE PAZ. E eu me pergunto, "não a um gesto de paz" vindo de quem? De um judeu, do estado de Israel, da indústria armamentista, de um ponta-de-lança do imperialismo, ou de um cínico que fala de paz enquanto ataca os campos palestinos e mata gente desarmada e desvalida?
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