Orquestra de Cabaças
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Orquestra de Cabaças
Não sei como é a vida de quem nunca vivenciou um
golpe, seja do tipo militar, como em abril de 1964, feito pelos militares
brasileiros, em nome da moral e dos bons costumes e contra o “comunismo”. Seja
do tipo civil-delinqüente, realizado pela nata da corrupção, a serviço do
capital financeiro internacional, apátrida e inescrupuloso, a ponto de
contratar mercenários da laia de um josé serra servo da vagabungem, de aécio
trombadinha cocaineiro neves, de eduardo cunha quadrilheiro evangélico das
contas secretas nos paraísos fiscais, de michel temer cabeça de ponte bola da
vez, de mágicos fernandos henriques dos clubes secretos de investidores e
consortes da ratazanada sedenta por uma migalhasinha das mesadas do
imperialismo capitaneado pelos USA de Barac Obama e CIA. Sinceramente, não sei.
Não sei como vivem pessoas que se dizem neutras, independentes, alheias,
odiadoras da política, mas que estão sempre dizendo que “devemos esperar, dar um
voto de confiança ao homem, que devemos pensar no país, parar de viver
criticando” e outras idiotices de gente covarde.
Mas sei e muito bem como é a vida de quem sempre teve
o lado definido em qualquer conjuntura política nacional ou internacional. Sei
como é a vida de quem sempre esteve do lado dos explorados, do lado do seu
país, e contra quaisquer interesses anti –patrióticos, anti – proletários, anti
– povo, anti – trabalhadores, anti todos aqueles que suam as camisas para ter o
pão-de-cada-dia sobre a mesa dos filhos.
Digo isso para chamar a atenção de quem neste momento
ESTÁ A FAVOR DO GOLPE, porque está cometendo o mais horrendo dos crimes, está
matando os próprios filhos e atirando os cadáveres dos seus antepassados aos
urubus, está tomando a mais triste das atitudes e faz isso em nome do combate à
corrupção, mas ignorando todo o papel das elites políticas e econômicas, não
apenas nacionais, que sempre sugaram a força de trabalho brasileira e as
riquezas deste país, sejam aquelas produzíveis sobre o solo, sejam as riquezas
encontráveis no subsolo nacional, como o PRÉ SAL.
Faz-se necessário ter em conta de que tanto o petróleo
brasileiro, como o pré-sal, são riquezas nacionais, que pertencem ao povo
brasileiro, fazem parte do patrimônio desta nação, e que por direito
inalienável, não podem ser entregues nem vendidos a nenhuma empresa, seja
nacional ou estrangeira e muito menos ao controle externo de governo nenhum, e
sequer aos USA. Quem duvidar destas palavras, consulte a Constituição de 1988.
Digo mais, a quem nunca vivenciou um golpe, que
ninguém precisa arrancar dente para saber que dói, como também não precisa ter
trabalhado em troca do salário mínimo para saber como é a vida do trabalhador;
basta verificar o poder de compra daquela quantia no momento exato. Da mesma
forma, ninguém precisa ser burguês para saber o que é explorar a mão de obra
alheia, apesar de haver muito infeliz dono de uma empreseca que paga tão mal a
seu funcionário como qualquer grande grupo econômico, ou o contrário: há muito
trabalhador qualificado ou não que se acha patrão, e humilha, maltrata, ofende,
e até bate em colegas de trabalho por se sentir poderoso dentro da empresa em
que trabalha, ignorando que um processo contra a empresa por maus tratos a um
funcionário vai atingi-lo em cheio, quando a mesma tiver que pagar as
indenizações pelos crimes cometidos por ele.
Essas questões que estou colocando são o chão sobre o
qual avança a passos largos o GOLPE DELINQUENTE NO BRASIL, que começou com o
rol de acusações infundadas à presidenta eleita Dilma Roussef e se aprofunda a
cada dia com novos atos, cada qual deles mais GOLPISTA, e que exigem uma
resposta cada vez mais contundente de todo o povo, independente de partidos,
para dar fim a esse caos, mas necessariamente dos mais humildes, de todos os
trabalhadores qualificados ou não, pois todos, sem tirar nem por, estamos sob a
mesma mira: a miserabilidade total.
Gostaria que observassem os passos do escroto interino
na presidência da república, vejam que até agora, só foi recebido com pompas
pelo governo japonês, que é um dos insufladores do golpe desde o primeiro
momento, junto com USA/Barac Obama e nos demais lugares aonde tentou posar de
galã, foi rechaçado. Vide reunião da ONU e dos Países Ricos. Observem também
seu comportamento interno, que apesar de toda a sua rejeição pessoal, o seu
partido fez a maioria das prefeituras e vereadores nas eleição de 3 de outubro,
apesar de todas as denúncias de manipulação da urna eleitoral, que a cada dia a
sua rejeição fica mais visível até para seus bajuladores espontâneos – aquelas
pessoas miseraveisinhas que não ganham mais do que pé nas bundas e continuam
elogiando – o. É patente que a sua política de arrocho já chegou aos bolsos da
classe média, que vai pagar mais imposto de renda no próximo exercício, e que o
povão em geral vai comer muito menos do que até agora.
Bom, essa política GOLPISTA só tem um pé em que se
sustentar: é na fascistização do regime político daqui por diante. Ele terá que
fechar a sociedade dentro de um regime de exceção mais do que já está e passar
a impor seu estado de sítio, a exigir que a sociedade cumpra as suas ordens,
tais como não usar a palavra GOLPISTA, como ele se pronunciou na posse de
GOLPISTA OFICIAL, e ditar que todos terão que bater-cabeça para ele quando ele
quiser platéia para aplaudir seus discursos de farsante.
Quem não vivenciou esse tipo de coisa, infelizmente
não sabe do que estou falando. Claro. Vamos dar um desconto. Baba ovo de
GOLPISTA desinformado é um bosta mesmo. Mas eu vou refrescar-lhes a memória,
vou contar-lhes um caso de 1964. Nessa época, eu tinha 11 anos e acabava de ser
matriculado na escola de meu povoado, construída em mutirão sob as ordens dos
golpistas, para dar a impressão de que eles eram a favor de nós, o povão.
Faziam discursos de todo tipo, acusando os “comunistas” de nunca terem erguido
uma escola para nós. Nos deram material escolar carimbado” Aliança Para o
Progresso”, vindo dos USA, ganhávamos cestas básicas com leite em pó carimbado
“Aliança Para o Progresso”, livros e mais livros, cadernos e mais cadernos,
cartilhas de alfabetização, tudo com o carimbo “Aliança Para o Progresso”.
Muito bom, até aí, tudo bem. Qual o problema da origem das doações?
Aparentemente, nenhum. Não iríamos ligar mesmo para isso. Mas viriam os
resultados: logo começou uma campanha contra os sindicatos, na maioria, de
trabalhadores rurais, de que eram insufladores de guerrilhas, de comunismo, de
que recebiam dinheiro – ouro de Moscou – da URSS – União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, ou seja, eram acusados de serem agentes estrangeiros
encarregados de derrubarem o regime em prol do comunismo no Brasil. Os padres que
realizavam trabalhos de catequese e alfabetização pelas fazendas a fora, foram
todos expulsos da região acusados de comunistas e em seus postos, foram assentados padrecos a
serviço do latifúndio, todos fazendo homilias a favor dos milicos e dos
fazendeiros. E passaram a fazer
comemorações de todo tipo para envolver o povo. O calendário cívico nacional,
com todas as suas datas comemorativas, passou a ser divulgado na escola e em
todas as igrejas, com algumas fazendas fazendo uma espécie de sarau aonde se
propagava as datas cívicas, com apresentação de música e poesias. Pasmem! Mas o
melhor ficou por conta do sete de setembro de 1964. Ninguém na região ligava
para essas datas. Bobagem! Diziam aqueles caipiras mais renitentes. E os
puxa-sacos de plantão tinham que encontrar um jeito de fazer uma PARADA digna
desse nome, tinham que reunir o máximo de gente, tinham que trazer a criançada
uniformizada de azul e branco na frente, feliz e sorridente, todo mundo batendo
percussão e tocando algum instrumento musical. Foram arranjados um monte de
caminhões cobertos de lona para buscar o povo lá nas fazendas, de repente
apareceram professores de música para nos ensinar a tocar para embelezar a
PARADA, a cozinha da nossa escola virou
o restaurante da multidão – lanche para todo mundo o tempo todo, a nossa escola
virou um acampamento dos mais numerosos que eu já tinha visto, mas mesmo com
todo esforço dos GOLPISTAS DE PLANTÃO, os instrumentos musicais foram
insuficientes para completar uma banda e foi necessário a criatividade popular,
a cultura do povo teve que ganhar o seu espaço e provar a sua superioridade: um
mestre de catira bem roceiro, analfabeto até a alma, falou para um PROFESSOR
GOLPISTA: nóis pode pô cabaça nessa orquetra? É claro que o dito cujo ficou
sisudo, deslocado, sem saber o que fazer dos cascos, até perguntar entalado:
“Mas como?” Aí o mestre catireiro respondeu: “Nóis fais a percussão de cabaça e
ocêis toca suas cordas...” Refeito do estranhamento, o professor GOLPISTA
propôs um ensaio. É aí que eu entro. O Mestre Tião disse ao Maestro Professor
Golpista que eu iria trazer uns burros carregados de cabaça e que ele iria
treinar a meninada na lida com elas. Assim ficou acertado. Treinamos várias
vezes separados, até acertarmos os compassos, aqueles tempos entre um
instrumento e outro. Depois fomos ensaiar junto com os instrumentos de corda,
de sopro, e sanfonas. No início, só fazíamos a marcação, ocupando o lugar do
bumbo, depois na passagem das cordas para os outros instrumentos, nós fazíamos
um ripique. Bom, dizer que foi um grande sete de setembro, não. Dizer que foi a
PARADA dos sonhos dos GOLPISTAS, também não. É que houve um incidente em que
eles viram a sua rejeição: a única parte da apresentação da orquestra na qual o
povo se levantou para aplaudir, foi a apresentação da criançada tocando cabaça.
Mas sabem por que: os instrumentos grã-finos foram todos colocados nas mãos dos
filhos da elite do lugar: os fazendeiros. E como a massa era a maioria, nós
arrebentamos.
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