segunda-feira, 17 de junho de 2019

O Ano de 1985 * Antonio Cabral Filho - RJ

O Ano de 1985
O ano de 1985 eu comecei desempregado. Aí meu sogro, "Seu Manoel", tinha comprado um terreno no Bairro de Santa Izabel, município de São Gonçalo, onde eu morava no Bairro de Lagoinha. Solicitou que me mudasse para lá, pra tomar conta do terreno e ir ajudando beneficiar a propriedade. 

Veja que esse momento aí revela que estávamos trabalhando. Note que o facão está cravado no toco da cerca e ele está com um pé-de-cabra na mão esquerda. Ou seja, estávamos arrumando a cerca. Esse menino à nossa frente é meu filho Edson Luis, aos dois anos, brincando como um passarinho.

Nesse ano eu fui visitar a minha família e levei esposa e filhos para se conhecerem. Viajamos no inicio do ano. Chegando lá em Bom Jesus do Prata, distrito do município mineiro de Frei Inocêncio, as crianças não se deram com a secura e o calor e minha filha Ana Maria contraiu bronquite, o que nos fez sair às pressas para o Rio de Janeiro. E, imaginem, para curá-la com remédio natural receitado por um médico do Posto de Saúde de Santa Izabel, o Doutor Ari: mastruz com leite. Mas durante os dias que passamos com meus familiares, a alegria foi grande, harmonia total entre minha mãe e minha esposa Rose. Quem não perde a lembrança é meu filho Edson, que ficou desesperado ao montar num cavalo.

Mas, uma vez em casa, foi cuidar da vida. Tinha em mente criar uma livraria e o fiz. Chamou-se "Espaço Livre" e durou até 1992, quando Collor sobretaxou as importações e o dólar disparou, tornando o mercado livreiro inadimplente, pois o livro é commodite. Fechei-a e voltei a trabalhar de empregado. Durante esse período, comprei a parte do meu sogro num terreno de sociedade com sua filha Rosângela e levantei minha casa. 

Interessante é que a gente começa a construir uma casa e, praticamente, nunca termina, porque vive inventando coisas, detalhes, melhorando aqui e ali. A casa do Seu Manoel, hoje, parece uma mansão e a que iniciei, vendi em 2003 para mudar-me para Jacarepaguá. E o novo proprietário não pára de melhorar...

Mas o que me fez traçar estas maus traçadas linhas foi a minha fisionomia aos 32 anos: desgraça! Pra quê bigode? Ah, me lembro: era para me envelhecer porque eu tinha cara de menino.

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