sábado, 7 de novembro de 2015

Robson Achiamé - 1943/2014: 1 Ano De Ausência * Antonio Cabral Filho - RJ

LETRALIVRE
cultura libertária arte literatura
ANO II Nº 18 1997
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LETRALIVRE
Revista de cultura libertária arte e literatura
Ano 12 nm] 47 2007
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LETRALIVRE
Separata Literária nº 1
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MEU DEPOIMENTO
Conheci o Robson através da editora, mais devido ao fator trabalho, como funcionário de distribuidora; nem tanto pela questão ideológica, uma vez que sempre fui marxista. 

Desde a adolescência, através de contatos com um grupo de jovens que editava um jornal chamado VENCEREMOS - de tendência comunista, ( ligado à ALN de Carlos Marighela), me vinculei aos estudos de filosofia e ciência política e, através desse pessoal, fui fazer teatro, curso de contabilidade, faculdade de direito, curso livre de jornalismo, e como não podia deixar de ser, as correntes ideológicas, inclusive comunistas, eram postas em discussão e isso permitia que ninguém virasse "vaquinha de presépio" dos grupos políticos dogmáticos, sejam de esquerda sejam de direita. e uma das metas nessa educação político-ideológica era justamente educador o Sujeito para ser livre dos dogmas do mundo político, justamente por pregar um tipo de marxismo contrário a toda forma de dominação e por respeitar o marxismo enquanto farol das transformações históricas por que passa a sociedade humana no seu devir. Portanto, o Anarquismo era tratado como mais uma ideologia no espectro das tantas existentes, que tanto quanto as outras, fazia parte do JOGO para confundir a cabeça do oprimido e retardar a sua tomada de atitude frente à opressão, que como tal, devia ser tratada e combatida junto com as demais, uma vez que atordoa a construção de concepção orgânica. 
Logo, a atitude que o Grupo Venceremos passava era a de que devíamos tratar todas as pessoas como passíveis de transformação e trabalhá-las no sentido de uma relação respeitosa em nível pessoal e em nível ideológico, o que nos preparava para construção de alianças em qualquer ambiente politico-ideológico adverso.

Foi com essa filosofia que fui para a vida militar, aonde dei muito trabalho aos setores da repressão, e de lá para a vida civil, me integrando aos movimentos sociais, na convivência com tudo que explodiu no universo das ideologias a partir da abertura política da ditadura, no surgimento do PT, da CUT, do movimento de associações de moradores, das lutas por moradia, por saúde e educação, pelas melhorias nas condições de moradia nos bairros proletários, e não podia ser diferente, também na efervescência cultural advinda nas décadas de 70/80 com o teatro do oprimido do Boal e tantas outras experiências como a de Amir Haddad. 

É nesse  universo TODO que vou encontrar-me com o anarquismo, com o jornal LIBERA, e através do trabalho em livrarias e distribuidoras, com a Editora Achiamé, do Robson. Sempre que tinha um contato profissional, era Senhor Robson e nas atividades do jornal, era Robson. Eu agia assim conscientemente, inclusive para delimitar os campos entre nós, uma vez que lá na atividade editorial, ele era pra mim um aliado do patrão e lá na atividade politico-cultural, poderia ser um aliado político. Ideologicamente, ele representou, sim, um aliado, e possivelmente conquistável para a causa do proletariado, apesar da postura central do anarquismo de rejeitar a divisão de classes da sociedade capitalista. Mas em relação à pessoa Robson Achiamé, eu, particularmente, nunca vi nem ouvi uma atitude de rejeição por parte de nenhuma corrente ideológica no universo da esquerda carioca. Aliás, ele era referenciado constantemente como Companheiro Robson. E pude constatar isso quando se espalhou a notícia de seu falecimento e ouvi um stalinista dizer: perdemos um companheirão!
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Robson Fernandes Achiamé
1943-2014, 
o 1º da esquerda para a direita.
Saiba mais
1 - https://anarquismorj.wordpress.com/2014/11/13/robson-achiame/ 
2 - https://rizomaeditorial.wordpress.com/2014/11/12/robson-fernandes-achiame-1943-2014/ 
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domingo, 25 de outubro de 2015

Falas Da Cidade - Crônica 1 * Antonio Cabral Filho - RJ

"A conivência da justiça
com os delitos do Estado
causam a corrupção e o 
abuso do poder - Vila Autódromo"
Alguém pode imaginar o que esta vaca está fazendo? Trabalhando meu amigo. Esta vaca é a maior operária que eu conheço. Ela bate-ponto numa loja de plantas da Estrada dos Bandeirantes, Jacarepaguá, e é o primeiro "funcionário" posto em serviço. Explico: assim que o patrão chega, ele abre o portão do pátio de plantas, estaciona o carro lá os fundos e volta, pega-a nos braços e coloca na calçada, em frente à loja. E o pior: ela trabalha mais do que todos, por muito menos, quer dizer, por nada, pois não ganha ração, nem água, não é escovada, não toma terramicina contra os vermes, nem jamais foi visitada pelo Dr. Veterinário. Pode uma injustiça dessas? A pobrezinha já foi chamada de Lady Day, Vaca Louca, Madona, Beioncê da pista,e, em certos tempos, se passou por Dilma Mascarada. E quando a Seleção Brasileira perdeu para Seleção Alemã por 7x1, ela cobriu a cabeça com lenço preto, em luto!
Conhece o Flamboiã? Pois é. Este arvoredo acima chama-se Flamboiã. Tem uma história linda; pode buscar na Wikipedia. Mas este aí é uma representação feita por um artista plástico, e, como eu não encontrei a assinatura do mesmo, fotografei e trouxe-o para o nosso mundo, o mundo literário, em que tudo vira conversa... Mas sabe o que é mais doloroso? É saber que ele é apenas um enfeite de porta de condomínio, aonde ele não tem nenhuma companhia do seu mundo, nem uma arvorezinha sequer, só umas graminhas rasteiras plantadas entre pedras. Não é duro?
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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Cidade Crônica * Antonio Cabral Filho - RJ

CIDADE CRÔNICA

A cidade é, segundo urbanistas e sociólogos, um “equipamento”. Gostou? E-qui-pa-men-to. Dá para soletrar e tudo. Bom, se é um EQUIPAMENTO, ele tem que funcionar. E um equipamento, para ser digno de assim ser classificado, não pode emperrar, não pode sofrer colapsos, não pode ter um ‘RUSH” de manhã e outro de tarde, não pode ser alagado com qualquer temporalzinho, nem ser vítima de apagões, arrastões, surtos de doenças “importadas”, ausência de certos serviços em certas áreas e regiões; correto?

Creio que todos pensam, ou pelo menos deveriam pensar, até porque uma cidade é gerida por pessoas, pessoas com atribuições para as quais são pagas, pessoas que exercem funções às quais se propuseram e foram selecionadas segundo suas competências. E verifique que todo sujeito que se encontra no interior das repartições públicas tem que ser tratado como “autoridade competente”; correto? Ofenda um servidor público para ver o que acontece... Seus cabeças são conhecidos como prefeitos, governadores, et caterva.

Bom, diante disso, quero informar-lhe o que acontece na região aonde moro. É um lugar rico, cheio de gente com casarões, carrões, IPTU altíssimo, sem limpeza urbana digna de assim ser chamada, sem segurança “pública...( porque PRIVADA tem, inclusive na forma de crime organizado do tipo MILÍCIAS, que cobram segurança até de quem mora de aluguel) digna”; um lugar aonde qualquer um imagina haver calçada “calçada” e ninguém tenha que caminhar com o chinelo na lama nem lambuzando o tênis de barro, aonde não haja valões fétidos queimando nossos narizes com o esgota in natura rolando rumo ao mar, um lugar cheio de carroceiros nas pistas de alta-velocidade pondo em risco as suas e as nossas vidas, aonde proliferam barracas de comércio ordinário coligadas com o narcotráfico, servindo de entreposto para vendedores e consumidores de todo tipo de droga, aonde se imagina, como supõe o espírito civilizado, haver ORDEM PÚBLICA, cumprimento dos direitos e deveres por parte das autoridades competentes e dos cidadãos. Não é mesmo, meu leitor? Mas veja isto:
(Foto:ACF)
E permita-me perguntar, nestes tempos de "precárias liberdades de expressão e de imprensa": Este feito acima é digno de "autoridades competentes? Ah, sei; você quer dizer-me que o cidadão mais próximo teria empurrado a lixeira para este local para não ser incomodado; não é(?);  mas aqui pra nós, nós não temos que ser a palmatória do cidadão, não temos a responsabilidade de imputar ao cidadão nada daquilo que acontece com o chamado "espaço público", uma vez que o seu GESTOR, autoridade competente, é quem responde por quaisquer eventos ocorridos em locais sob a sua jurisdição; aqui, no caso, a "calçada", competência da PREFEITURA, do digníssimo Senhor Prefeito, que não foi chamado nem implorado para vir gerir os NOSSOS BENS: A CIDADE, pois ele assumiu para si esta função por escolha livre e espontânea de sua vontade aliada à vontade popular. Portanto, a localização de uma lixeira é tão sua competência quanto a apresentação das contas municipais ao TCM. 

Eu sei que ninguém precisa concordar comigo para dizer se está certa ou errada a localização da lixeira, mas será que alguém sabe me informar quantas crianças e idosos já foram atropelados neste local, devido à colocação da lixeira no meio da calçada? 

Tá, desculpe incomodá-lo...
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domingo, 20 de setembro de 2015

Porque Me Orgulho De Ser Português / Albino Forjaz de Samapio * Antonio Cabral Filho - RJ

Porque Me Orgulho De Ser Português 
Albino Forjaz De Sampaio
Lisboa - Sá Da Costa Editora 1938

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Albino Forjaz De Sampaio, 
nasceu em Lisboa a 19 de janeiro de 1884 e faleceu em 13 de março de 1949. Foi um escritor crítico da sociedade do seu tempo, mas crítico em todos os sentidos, a ponto de se tornar um paradigma de pensador crítico. E além de escritor foi bibliógrafo, autor de um dos livros mais vendidos dentro e fora de Portugal, Palavras Cínicas, lançado em 1905, que na morte do autor se encontrava na 46ª edição.

Recomendá-lo implica em responsabilidades, pois Albino Forjaz De Sampaio não é flor que se cheire; trata-se de um nacionalista extremado, exaltador do seu país, da cultura portuguesa e dos feitos patrícios dentro e fora do torrão nacional. Porém, o mais interessante no autor é que o faz com pureza d'alma, com sinceridade, com paixão pela sua pátria, assim como Camões e outros autores portugueses apaixonados pela lusofonia. 

Portanto, quem desejar conhecer a obra deste senhor, precisa saber que não se trata de uma pessoa ABERTA a transformações, ao contrário, devidamente FECHADO com aquilo que pensa: o CONSERVADORISMO puro, independente, livre de alianças com as correntes do pensamento direitista, sequer mundial, quanto mais português. Ou seja, numa comparação apenas ilustrativa, eu diria que ele lembra o nosso querido reacionário Nelson Rodrigues, mas sem a devida grandeza.
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domingo, 13 de setembro de 2015

Notícias Da Cidade De Deus * Antonio Cabral Filho - RJ


Notícias Da Cidade De Deus 
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A "Cidade De Deus" 
ainda não está tão divina quanto todos gostaríamos, mas...

Eu bem poderia fazer aqui uma pseudo - matéria, dizer um monte de mumunhas, encher linguiça, como se diz na gíria jornalística, sociologar à vontade e dar a impressão de ser um jornalistaço, daqueles super - competentes, pronto para aparecer nas telas "grobais"; mas não. Não é isso que eu quero. Tudo que me interessa , hoje, é falar da CDD, da CDD que está "aqui dentro, batendo no peito", onde conheci dezenas de companheiros, todos militantes aguerridos, defensores da sua "comunidade", dos seus vizinhos, da sua família, participantes de muitas dezenas de "vaquinhas", vaquinhas para comprar remédios para alguém carente, para comprar cesta-básica para uma família desempregada, para fazer o enterro de alguém sem recursos, e sempre dando a sua colaboração de modo desinteressado, sem olhar " quem é quem", pois na hora H, somos todos iguais. E continuo tendo esse mesmo prazer em visitar meus amigos da Querida CDD, como fiz nesta última segunda - feira, na minha ida lá nos apês pra ver o meu filho, o meu neto, a minha nora e a amiga Eliane. Depois, saí passeando e passando em várias casas. Fui ver o Nelson, velho metalúrgico de memoráveis piquetes, passeatas e greves melhores ainda, lutas que travamos na batalha pelo pão de nossos filhos. Mas ao sair para embora, eis a surpresa, confira acima.

Encontrei um exemplar do jornal "A Notícia", do Portal da Cidade de Deus, www.cidadededeus.org.br , Ano V edição 10 maio-junho-julho de 2015. Ele estava sobre o banco no ponto de ônibus. Por algum tempo, fiquei olhando, olhando, e pensando cá com meus botões: eu já fiz isso! Lembrei-me do tempo em que para driblar a repressão da DITADURA, deixava jornais em lugares que as pessoas pudessem encontrá-los, como os pontos de ônibus. E é verdade. Já fiz e participei como redator, revisor, repórter, impressor e distribuidor de dezenas de jornaizinhos comunitários, como na favela da Mineira, na Mangueira, no Jacarezinho, em Manguinhos, na Rocinha e, por incrível que pareça: na CDD também. Mas isso foi em tempos de "DITADURA!". Como eu era membro de pastorais católicas, colaborava em órgãos de imprensa de vários núcleos religiosos pelo grande rio a fora, fosse aonde fosse. Ajudava aos meus irmão na organização de atividades, de quaisquer naturezas. Se tivesse que montar uma barraca com estacas fincadas no chão, eu ia para a cavadeira com o mesmo prazer com que ia para a máquina de escrever ou para o mimeógrafo ao produzir um boletim ou jornal. 

Peguei o jornal e comecei a folheá-lo. Achei-o bem feito demais para o meu gosto proletário de militante. Muitas cores, fotos coloridas, diversos tipos de letras, ilustrações desenhadas, margens de páginas muito grandes para quem está habituado a necessitar do espaço para escrever, metade de página ocupada por desenhos, se bem que com ótima intensão, pois as ilustrações refletem os dramas do ambiente, e o melhor foi encontrar vasto noticiário sobre os "trabalhos - projetos" desenvolvidos pela comunidade. Sinceramente, fiquei emocionado, pois em tempos "negros" não teríamos um jornal voltado para uma comunidade contando com tanta qualidade, seja na produção seja na promoção do seu movimento social. Constato a presença do Programa Farmanguinhos - FIOCRUZ, SOLTEC-Ufrj, Associação Semente da Vida, entidade privada sem fins lucrativos, além de conferir a quantidade de pessoas envolvidas no Projeto do Jornal: 34 integrantes! Isso no meu tempo dava pra tomar o poder. 

Mas o melhor disso tudo é que essa galera não precisa utilizar das armadilhas que eu e meus companheiros criávamos para dizer o que queríamos: seus artigos são assinados com seus nomes reais. Seus entrevistados não precisam de clandestinidade devido ao que dizem, não precisam de usar como disfarce o nome de uma pessoa senhora de autoridade blindada por um poder simbólico, como líder de alguma coisa, tipo FAMERJ, FAFERJ, CUT, GRUPO TORTURA NUNCA MAIS, ANISTIA INTERNACIONAL, ARQUIDIOCESE A ou B, bispo isso ou pastor aquilo, só para denunciarmos o que se passava no interior das favelas, pois além da repressão vinda da DITADURA MILITAR, tínhamos ainda os MILICIANOS organizados em Grupos de Extermínio, que contavam com a excelência dos TRAFICANTES, muitos dos quais ganharam pára-ráios de c... dedurando nossos irmãos como COMUNISTAS. Para ilustrar o que digo sobre os entrevistados, quero citar os nomes de Jó Resende, Chico Alencar e Irineu Guimarães, três apenas,  por terem sido exaustivamente utilizados como "entrevistados" só para não aparecermos como os denunciantes daquilo que escrevíamos. Ou seja, "púnhamos nas bocas deles, o que na verdade saía das nossas", ou morríamos e ninguém contaria essa "história...."
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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

POESIA SEMPRE - Revista Literária da Biblioteca Nacional * Antonio Cabral Filho - Rj




Vão-se já 20 anos realizando um trabalho dos mais profícuos em termos editoriais. POESIA SEMPRE foi criada em 1993, sob a direção nada mais nada menos que do conceituadíssimo Afonso Romano de Sant’Anna. Não é surpresa dizer que cada número continua sendo uma conquista, pois não depende da vontade do Editor. Aliás, quase nada dele. Pois neste país “ao sabor dos ventos” ninguém vai apostar no “amanhã…”. Mas uma característica especial de POESIA SEMPRE tem sido trazer matérias especiais a cada edição, ou seja, cada edição é uma matéria especial, desde o seu primeiro número, quando homenageou a poesia 
PSEMPRE
latinoamericana.  Depois, seguindo essa linha, cobriu Europa, EUA, Japão, Irã, África, Mundo Árabe, até passar a dedicar seus focos a autores brasileiros, iniciando por Cruz e Souza. Este número postado acima cobre a Poesia Mineira e faz uma retrospectiva completa, iniciando com os Poetas Clássicos Mineiros, depois Poetas Modernistas Mineiros, chegando aos “Poetas do Após-Modernismo Mineiro até a Atualidade”.
Mas para celebrar essa iniciativa, o também e então Editor Afonso, este Henrique Neto, em 2012, decidiu homenagear o Criador da Criatura, entrevistando Afonso Romano de Sant’Anna para realçar “nossas gerais”. Letícia Malard faz uma radiografia período por período, autor por autor, para situar o leitor contemporâneo com a riqueza de cada um. Mas a seção dos “Poetas do Após-Modernismo Mineiro até a Atualidade” é a que me fala mais diretamente, pois encontra-se entre seus nomes alguns com os quais travei contato lírico e deixo aqui seus nomes para que os amigos confiram: Affonso Ávila, Adélia Prado,Afonso R. de Sant’Anna, Ronald werneck, Ronald Claver, Paulinho Assunção, Antonio Barreto, Iacyr Anderson Freitas, Adão Ventura, Sebastião Nunes e Aricy Curvello.  Fora isso, Letícia Malard informa ” …esses poetas ( mineiros ) nossos de cada dia parecem estar fascinados … por uma escrita “que faça estremecer a língua da letra e dos programas já assentados do ver/fazer/viver o tempo e a poesia”.
A BAIXO, 
algumas edições
POESIA SEMPRE
bnpoesiasempre
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bnpoesiasempree
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bnpoesiasempreee
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índio-é-nós-poesia-sempre-capa
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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Empório De Trovas / Arlindo Nóbrega - Crônica Literária * Antonio Cabral Filho - Rj

EMPÓRIO DE TROVAS
ARLINDO NÓBREGA
Organização: Kao Almeida
Editoração: Alexandre Jazara
Capa e Ilustrações:
www.afernandes.ppg.br/contato.htm
São Paulo - SP 2015
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Arlindo Nóbrega é um dos mais destacados agitadores culturais do circuito alternativo nacional. E situa-se entre os mais aguerridos escritores brasileiros, pois busca fazer-se presente nas mais diversificadas atividades de promoção cultural. É um Editor inconteste, do tipo que torna as páginas do seu LITERARTE-SP um "front" de propagação literária. E por isso é conhecido de todos os poetas, fanzineiros, escritores de todos os estilos, líder e incentivador da FEBAC - Federação Brasileira de Alternativos Culturais, músicos, artistas plásticos, aos quais franqueia com despojo os espaços do seu jornal.

E agora com o lançamento do seu livro Empório de Trovas, Arlindo Nóbrega marca presença como Trovador e se eleva no firmamento literário brasileiro, pois senhor de verve inconteste. Vide o exemplo a baixo:

Brigar com gente da saia,
foi coisa que nunca fiz;
é tudo rabo de arraia,
padre, mulher e juiz.
Todos abemos que a trova é a mais popular das modalidades de poesia em formas fixas, praticada desde os primórdios por nossos antepassados, mas pelas mãos de Arlindo Nóbrega vamos encontrar o calor literário do homem contemporâneo, que faz da sua pena o instrumento de construção de um mundo melhor.
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domingo, 23 de agosto de 2015

Clério Borges: Do CTC Ao Protagonismo Cultural - Crônica Literária * Antonio Cabral Filho - Rj

ALGUMAS PALAVRAS,
são tudo que basta para as pessoas certas. Há meses alinhavei um perfil sobre Clério Borges, coletei fontes, consultei livros e vasto material sobre o Movimento Trovístico Brasileiro nas últimas décadas. De tudo, sobressaiu o CTC - Clube dos Poetas e Trovadores Capixabas. Sobressai também a sua sólida amizade com Eno Teodoro Wanke, a sua independência no seio do trovismo, sua personalidade empreendedora e, sobretudo, seu espírito democrático, que lhe permite transitar desde a disciplinada UBT - União Brasileira de Trovadores, até aos solitários trovadores dos vastos rincões da poesia brasileira.

Mas faltava-me um estopim. Ou seja, um momento certo para trazer à tona as minhas impressões sobre aquele que representa, na atualidade, a tradição arrojada de promoção cultural almejada por Adelmar Tavares, Eno Teodoro Wanke e tantos trovadores de feição democrática, humanista, ligados aos movimentos sociais progressistas, pela construção de valores assentados no respeito aos direitos elementares da pessoa humana e na produção cultural comprometida com esses princípios. Fui conferir tudo nesse fim de semana - Dia das Mães - e verificar as conexões para sua divulgação; conclui que era tudo desnecessário, vazio até, pois as pessoas certas dispensam extensas apresentações, uma vez que seus feitos falam melhor que nossas palavras. Por isso, gostaria de convidar o distinto LITERINTERNAUTA a viajar comigo nos links a seguir:

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Fontes De Referência
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1 - LICURGO NETO ARTISTA PLÁSTICO
http://www.licurgonetoartistaplastico.com.br/atelier.htm 

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2 - CONGRESSO BRASILEIRO DE POETAS TROVADORES
http://congressodetrovadores.blogspot.com.br/ 

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3 - FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ALTERNATIVOS CULTURAIS
http://www.afernandes.ppg.br/febacbrasil.htm 

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4 - O TROVISMO
http://www.trovadorescapixabas.com.br/otrovismo.html 

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5 - PERFIL DE CLÉRIO BORGES
https://sitedepoesias.com/poetas/Cl%C3%A9rioBorges 
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domingo, 16 de agosto de 2015

Rogério Salgado Poeta Ativista - Crônica Literária * Antonio Cabral Filho - Rj

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Rogério Salgado
Poeta Ativista
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Amigo sou de Rogério Salgado, 
daqueles que nunca lhe amolaram, que nunca tomaram seu lanche no meio dos eventos, não surrupiaram a sua água nem se aproveitaram da sua "deixa" pra fazer discursinhos, fiz meu "depoimento", vide páginas 117, 118 e 119, baseado numa fantástica aventura muito comum nos movimentos sociais, que é se referenciar em uma liderança e ir tentar alinhá-la com os seus interesses. Não é uma questão de " é só isso ", até porque trata-se de uma personalidade que concretizou aquilo que eu, Antonio Cabral Filho, alguns padres e seminaristas do grande norte fluminense, somados mais alguns ativistas políticos do período de ascenso das lutas pela democratização no Brasil, avaliamos sobre os movimentos juvenis dessa região naquele período. A minha "tarefa" era só Ele. Mas a história constrói seus próprios caminhos, e, ainda assim, eu e meus "compas" estamos certos: é uma pessoa ética, consequente, senhor de uma bagagem cultural impressionante, um poeta sem meias palavras, um empreendedor eficiente e uma liderança inquestionável, que consegue reunir em torno de si sempre o que há de melhor. Esse é Rogério Salgado. 
Disse estas palavras apenas para deixar a exata apresentação a alguém com extrema autoridade para falar sobre ele: 
Rodrigo Starling,

 " Este livro conta a história do poeta que antevê o homem e da matéria que precede a poesia: existência! Inventário de uma vida e obra inacabadas... 
Testemunho do artista que ousou e ousa ser verbo antes da carne e açoite antes da sentença...
Condenação aos homens - poetas ou não - que se renderam à hipocrisia e à corrupção. Denúncia e testemunho de uma triste época...
Semeadura no deserto do egoísmo, legado e missão de Rogério, salgando a terra na palavra...
Saltando, com trabalho e simplicidade, as pedras e silêncios: dia a dia, sol a sol. 

Rodrigo Starling
poeta e filósofo " 

Mas o livro Rogério Salgado Poeta Ativista não se contém apenas em elevar ao Olimpo um poeta já consagrado. Não. Ele cumpre ainda a função de reunir amigos, desta vez não para realizar o Poesia na Praça Sete, ou o Próximo Belô Poético, ou para resgatar a revista Arte Quintal, 
quiçá o Projeto Insacando a Poesia. Apenas para falar sobre um companheiro de jornadas e registrar as suas memórias impressas na ação cultural dos últimos trinta anos. Não é o caso de citar nomes, até para não cometer possíveis injustiças, mas para não esvaziar as intensões do livro, de levar todos nós às suas páginas e conferir o que cada um dos nossos amigos diz do Amigo Comum Rogério Salgado.

Outra intensão do livro é não se deter no memorialismo, tão perigoso em seu estilo, e estreitar as relações entre o leitor e a poesia do Autor. Por isso, Rogério Salgado incluiu nele seu mais recente livro de poesia Sopro de Deus, que pode ser visitado aqui...
http://poetarogeriosalgado.blogspot.com.br/2014/08/sopro-de-deus-e-outros-poemas.html 

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domingo, 9 de agosto de 2015

Encontro Transcendental * Antonio Cabral Filho - Rj

Encontro Transcendental
BOM MEUS AMIGOS,
eu sou frequentador assíduo de sebos, adoro livros e como o bolso é carente, eles são a minha salvação. É neles que eu encontro as novidades que não encontraria em nenhuma livraria "de ponta" ou site super-hiper diversificado. Por exemplo, vejam esta relíquia acima, qual site me proporcionaria esse "encontro transcendental" com Jesus Cristo? Esta mensagem estava dentro de uma revista das mais conceituadas na área de poesia experimental, a CONVIVIUM, de 1967. E agora? Só Jesus na causa!
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domingo, 26 de julho de 2015

Folclore Sobre o Parto * Antonio Cabral Filho - RJ

-mandinhafofolete-

 FOLCLORE SOBRE O PARTO - CRÔNICA 


O mundo religioso é fantástico em todos os sentidos, e, no que diz respeito ao nascimento, ao parto, à nossa vinda ao mundo, é riquíssimo de magia. Ninguém discorda. Possui tanta fantasia quanto qualquer conto de fadas, lendas e causos, além de integrar o imaginário surperticioso da nossa gente. Para justificar toda a crendice popular, contam-se ainda com o apoio do folclore com seus personagens tais como a predestinada cegonha.

Não conheço muito sobre isso nas demais religiões, mas no cristianismo o acervo é farto. Basta lembrarmos das orações e simpatias para engravidar, da devoção aos santos católicos, entre os quais Nossa Senhora do Bom Parto lidera as vocações, colocada depois da Mãe Suprema Nossa Senhora, é claro! Uma oração que circula no mundo mineiro e permeia minha família, diz mais ou menos assim: 

 " ORAÇÃO PARA UM BOM PARTO: 

Ó Maria Santíssima, vós, por um privilégio especial de Deus, foste isenta da mancha do pecado original, e devido a este privilégio não sofreste os incômodos da maternidade, nem ao tempo da gravidez e nem no parto; mas compreendeis perfeitamente as angústias e aflições das pobres mães que esperam um filho, especialmente nas incertezas do sucesso
ou insucesso do parto. 

Olhai para mim, vossa serva, que na aproximação do parto, sofro angústias e incertezas. Dai-me a graça de ter um parto feliz. Fazei que meu bebê nasça com saúde, forte e perfeito.

Prometo orientar meu filho, sempre pelo caminho certo, o caminho que o vosso Filho, Jesus, traçou para todos os homens, o caminho do bem.

Virgem, Mãe do Menino Jesus, agora me sinto mais calma e mais tranquila porque já sinto a vossa materna proteção. Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por mim!"

Desde a gravidez, passando pela gestação, até ao tapinha na bunda, somos uma criação tão fantástica, que só a festa pela nossa chegada justifica. Contam lá em casa, que assim que minha mãe sentiu as dores, mandou chamar a comadre Zulmira, parteira das mais respeitadas nas imediações do Suaçuí, ali entre Itambacuri e Valadares. É claro que a Dindinha Zulmira atendeu de imediato.

Era uma quinta-feira, véspera de sexta! Um pouco após a boca da noite. Mais rápido que fogo no mato seco, a notícias se espalhou. Hoje tem um "mijo" lá na casa do Cabral. Tia Zulmira foi pra lá, Quinquinha também. Mais um conselho de oradoras, que reúne as melhores rezadeira destas paragens. Não vai faltar pinga, nem torresmo, nem uma travessa de costela requentada com farinha, todos os violeiros estarão lá, os melhores pés de valsa, e um exército de aquecedoras de umbigo. 

Contam lá em casa que mamãe gemia de estremecer o assoalho, dizem que dava a impressão de que ela ia parir um gigante e que quando ela elevava o volume dos gemidos, as oradoras seguiam-na no volume da oração. Dizem que Nossa Senhora nunca foi tão invocada! Mas a noite avançou, o forró comia solto, papai de vez em quando invadia o quarto com os olhos arregalados, pra logo ser expulso pelas rezadeiras, aos gritos "qué azarar a vida do nascente?!", pois dizem os mais antigos que os pais, só os pais, não podem presenciar o nascimento dos seus filhos, pois gera má sorte. E, saia correndo com sua caneca de "mijo" na mão. Ia se juntar à cunhadada, ao mulherio, ao povaréu que se formou em torno da nossa casa na noite de 13 pra 14 de agosto de 1953. 

"O sofrimento foi grande, mas valeu a pena!", diz hoje minha mãe, com ares de aliviada. Afinal, não é fácil! O primeiro ninguém esquece. E quando tiro uma casquinha com a cara dos meus irmãos, dizendo-lhes que a vida deles sempre foi uma maravilha, pois contaram comigo para pavimentar-lhes a estrada, eles querem briga. Mas ficam quietinhos é quando eu pergunto pra mamãe " o que a parteira disse à senhora, quando ela pegou-me nas mãos? Vai, diz pra eles!" Faz-se um misto de silêncio e nervosismo e ela responde:" Don"Ana, é ome!"

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